Título: Assad expulsa 17 diplomatas ocidentais
Autor: Farah, Tatiana
Fonte: O Globo, 06/06/2012, O Mundo, p. 34

DAMASCO . Em uma medida de caráter mais simbólico de que prático, o governo do ditador Bashar al-Assad declarou persona non grata 17 diplomatas ocidentais, de países como EUA, Reino Unido, Canadá, França, Alemanha, Itália, Espanha, entre outros. A decisão é uma resposta à expulsão coordenada de embaixadores sírios realizada por 11 governos na semana passada para manifestar repúdio ao massacre de 108 pessoas - quase metade delas, crianças - na região de Houla. A maioria dos diplomatas incluídos na lista já havia deixado Damasco, diante da escalada de violência no conflito.

Segundo a agência de notícias Sana, o Ministério de Relações Exteriores afirma que a Síria "acredita na importância do diálogo baseado nos princípios de igualdade e respeito mútuo".

Apesar da retaliação, o governo de Assad anunciou que permitirá a entrada de ajuda humanitária destinada a quatro cidades: Homs, Idlib, Deraa e Deir al-Zour, onde agências de assistência poderão montar escritórios. O governo sírio se comprometeu a facilitar os vistos para equipes de trabalhadores e a entrada de suprimentos de emergência. O trabalho das equipes consistirá na entrega de comida, remédios, kits de higiene e cobertores para cerca de um milhão de pessoas.

Países do Golfo começam a perder esperanças em plano de paz

A permissão para entrada de ajuda humanitária ocorre num período de escalada da violência. Anteontem, os rebeldes anunciaram que não pretendem mais respeitar o plano de paz intermediado pelo enviado especial da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan. Há relatos de combates entre rebeldes e forças do governo, apoiadas por atiradores em helicópteros, na província de Latakia, considerada até agora à margem dos embates mais sangrentos do conflito. A região conta com diversas cidades habitadas por membros da minoria alauíta, à qual Assad pertence. Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, baseado em Londres, o confronto se concentrou em áreas sunitas e ao redor da cidade de Haffeh. Rebeldes disseram que nove combatentes morreram.

No campo diplomático, o ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita, o príncipe Saud al-Faisal, disse que os países do Golfo começam a perder as esperanças em uma solução por meio do plano de paz e pediu que o Conselho de Segurança recorra ao Capítulo 7 da Carta da ONU, que abriria espaço para o uso da força. Apesar disso, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o da China, Hu Jintao, disseram que o plano de Annan é o único caminho para resolver o conflito.

- Os dois se opõem à intervenção externa na Síria e a uma mudança do regime pela força - disse o porta-voz da Chancelaria chinesa, Liu Weimin.