Título: Reconstituição de crime mostra que elize agiu só
Autor: Voitch, Guilherme
Fonte: O Globo, 08/06/2012, O País, p. 11

SÃO PAULO. A Polícia de São Paulo identificou vestígios de sangue em perícia realizada no apartamento do empresário Marcos Kitano Matsunaga, de 42 anos, morto no dia 19 de maio pela mulher, a técnica em enfermagem e bacharel em Direito Elize Matsunaga, de 38. A reconstituição do crime, feita entre a noite de quarta-feira e a madrugada de ontem, corrobora a versão apresentada por Elize, que confessou o crime. Marcos Matsunaga era diretor-executivo e neto do fundador da Yoki Alimentos.

O trabalho da polícia científica durou seis horas. Um boneco com a altura e o peso de Matsunaga foi utilizado na reconstituição, feita no 17º andar do prédio onde o casal morava, na Vila Leopoldina, Zona Oeste de São Paulo.

Segundo os policiais, durante a perícia, Elize declarou que chegara a pensar em avisar a polícia logo após ter atirado no marido.

Os peritos saíram do prédio com material recolhido e algumas dúvidas esclarecidas.

- Ela falou que arrastou a vítima por um caminho e tinha sangue exatamente nesse caminho. O tiro foi na sala, e ela o arrastou para um quarto - disse o perito Ricardo Salada.

Para o delegado Jorge Carrasco, diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), a reconstituição mostra que Elize agiu sozinha em um crime não planejado.

No apartamento foram apreendidas 30 armas - pistolas, fuzis e até submetralhadora -, além de munição para dez mil tiros.

- Todas estavam legalizadas e regulamentadas para uso de colecionador - afirmou o delegado Mauro Dias, do DHPP.

A perícia também constatou a presença de janelas antirruído, o que explicaria o fato de os vizinhos não terem escutado os sons do tiro e do corpo sendo arrastado.

No momento do disparo, por volta de 20h do dia 19 de maio, apenas o casal e a filha, de 1 ano, estavam presentes. A criança dormia em um dos quartos. Pouco antes, de acordo com o delegado Jorge Carrasco, diretor do DHPP, uma babá havia sido dispensada.

- A outra (babá) chegou às 5h e não percebeu nada - disse Carrasco.

Segundo ele, isso ocorreu porque os funcionários tinham acesso apenas a alguns cômodos da casa. A babá não tinha sequer como entrar no quarto em que Elize esquartejava o corpo do marido, dez horas após tê-lo matado.

A filha do casal ficou com a babá no apartamento durante as 12 horas em que Elize esteve fora de casa no domingo, dia 20. Nesse meio-tempo, ela saiu para esconder os pedaços do corpo, guardados em sacos de lixo e dispostos em três malas. Imagens fornecidas pela administração do prédio mostram Elize entrando no elevador com três malas. Antes, a mesma gravação exibe Matsunaga depois de apanhar uma entrega de pizza.

O corpo do executivo foi jogado em área de matagal de Cotia, na Grande São Paulo. O sinal do celular fornecido pela operadora à polícia indica que Elize esteve em Cotia no domingo.

De acordo com o advogado da família de Matsunaga, Luiz Flávio D'Urso, ainda não há uma definição sobre a guarda da menina de 1 ano.