Título: Agnelo prepara terreno antes de depor em CPI
Autor: de Freitas, Ailton; Celso Pereira, Paulo
Fonte: O Globo, 07/06/2012, O País, p. 9

BRASÍLIA. O secretário de Administração Pública do Distrito Federal, Wilmar Lacerda, passou a tarde de ontem no Senado preparando o terreno para o depoimento do governador Agnelo Queiroz (PT), marcado para a próxima quarta-feira, na CPI mista do Cachoeira. Suplente do senador Cristóvam Buarque (PDT), Lacerda aproveitou o livre trânsito que tem no plenário para conversar com senadores e exibir a eles um calhamaço com cerca de 30 páginas contendo supostas fragilidades das acusações que pesam contra o governador e sua administração.

Uma das páginas flagradas por O GLOBO trazia o título "Questões relevantes: o envolvimento de Cláudio Monteiro". Há cerca de dois meses, Monteiro deixou o cargo de chefe de gabinete de Agnelo após virem a público grampos feitos pela Polícia Federal que citavam seu nome e o vinculavam ao bicheiro Carlinhos Cachoeira. A assessoria do governador do Distrito Federal confirmou que o material foi produzido por assessores para expôr fragilidades das acusações. A ação de Wilmar, no entanto, constrangeu alguns senadores, que a consideraram invasiva.

Agnelo, no entanto, não foi o único a se movimentar. O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), um dos mais combativos integrantes da CPI mista do Cachoeira, foi procurado ontem por um assessor parlamentar. Esse assessor perguntou-lhe se ele via problemas em conversar com o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), antes do depoimento dele à CPI mista, marcado para a próxima terça-feira.

- Não sei nem se o interlocutor estava autorizado a falar em nome do governador. Ainda assim, eu disse que não tinha problema de encontrá-lo, desde que fosse um encontro público e na presença de um grupo de parlamentares que tem me acompanhado na comissão - disse o senador, referindo-se à chamada ala dos independentes, composta também pelos senadores Pedro Taques (PDT-MT) e Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) e pelos deputados Miro Teixeira (PDT-RJ) e Rubens Bueno (PPS-SP).

Perillo nega que tenha procurado parlamentares

O governador Perillo, no entanto, negou ontem, por meio de sua assessoria, que tenha autorizado qualquer pessoa a procurar parlamentares em busca de conversas reservadas.

Há duas semanas, o governador de Goiás chegou a procurar o presidente da CPI mista, senador Vital do Rego (PMDB-PB), para falar na comissão. O pedido foi recusado. Dias depois, a própria CPI aprovou, por unanimidade, a convocação do governador goiano. Na mesma sessão, foi aprovada a convocação do petista Agnelo. O pedido de convocação do governador do Rio, Sergio Cabral (PMDB), foi rejeitado.