Título: Ao lado de artistas, Freixo oficializa candidatura
Autor: Goes, Bruno
Fonte: O Globo, 12/06/2012, O País, p. 9

Ao ser oficializado ontem como candidato do PSOL à prefeitura do Rio, em evento na Câmara dos Vereadores, o deputado estadual Marcelo Freixo atacou a gestão do prefeito Eduardo Paes (PMDB) e disse estar preparado para a campanha nas redes sociais. Afirmou que vai participar da "primavera carioca", como chamou sua campanha.

Ao lado de integrantes do partido e com apoio de artistas e intelectuais, Freixo criticou a gestão de Paes na saúde e na educação. Disse que considera Paes omisso em questões políticas importantes, como o transporte público. O ator Wagner Moura compareceu ao ato e foi o único não filiado ao PSOL a discursar.

O apoio de artistas faz parte da estratégia montada pelo PSOL para ir ao segundo turno. O candidato a vice-prefeito na chapa de Freixo é o músico Marcelo Yuka. Foram anunciados os apoios de Ivan Lins, Caetano Veloso, Frei Beto, Leonardo Boff e Luiz Eduardo Soares.

- Essa vai ser uma campanha de muita rua e muita rede. Nós sabemos que temos pouco tempo na televisão porque não aceitamos fazer alianças espúrias. Mas vamos usar as redes sociais, que têm influência enorme junto à população do Rio de Janeiro, e estar nas ruas. Essa militância está acreditando e é possível que essa seja uma primavera muito diferente do que a gente já teve em outras eleições - disse: - É muito bom poder ter o Marcelo Yuka como vice e ter aqui artistas como Chico Buarque, Caetano Veloso, Wagner Moura. São pessoas que têm uma posição muita crítica na sociedade. São artistas muito queridos e não estão aqui por nenhum interesse privado e, sim, como cidadãos do Rio de Janeiro.

Wagner Moura explicou sua participação:

- Estou aqui porque acredito nesse projeto, porque vejo beleza na candidatura que Freixo representa. Não estou aqui para ganhar licitação. Uma campanha sinaliza o que será construído enquanto governo e essa não será feita na base de financiamentos ilegítimos.

Freixo disse que a segurança pública não é só responsabilidade do governo estadual e afirmou que a prefeitura precisa disputar os jovens com milicianos e traficantes em áreas carentes. Mesmo ameaçado de morte por sua ação à frente da CPI que investigou e prendeu milicianos, Freixo disse que fará campanha na Zona Oeste:

- Não vou fazer disso uma guerra particular. A milícia não é um problema meu. Se tem um candidato a prefeito nesta cidade que não pode ir para alguns lugares porque criminosos dominam, vamos combinar que esse é um problema do Rio de Janeiro. Isso deve ser tratado como um problema público. Cabe ao Estado garantir que a campanha de todos os candidatos possa ser feita em todos os lugares.

O candidato criticou a falta de lisura na licitação das linhas de ônibus da cidade feita em 2010. Disse que, se ganhar a eleição, fará novamente o processo. Segundo Freixo, a escolha foi feita com "cartas marcadas".

Sobre a possibilidade de a eleição ter um caráter nacional, citou a CPI do Cachoeira e a quebra de sigilo da Delta.

- Uma campanha no Rio de Janeiro sempre tem um caráter nacional. Essa é uma característica da política do Rio de Janeiro. A CPI do Cachoeira vai poder ter um efeito sobre alianças no Rio de Janeiro? Não sabemos. A quebra de sigilo da Delta pode interferir e gerar algum tipo de resultado que diz respeito à campanha eleitoral da mesma maneira como o mensalão. E é inevitável: qualquer campanha no Rio de Janeiro discute problemas nacionais.