Título: BC não evita alta do dólar a R$ 2,057
Autor: Haidar, Daniel
Fonte: O Globo, 12/06/2012, Economia, p. 19

RIO, LONDRES e NOVA YORK . O Banco Central (BC) não conseguiu segurar a valorização do dólar ante o real ontem. A moeda americana subiu 1,73%, a R$ 2,057, mesmo depois de o BC vender US$ 400 milhões em leilão de swap cambial (operação que equivale a uma venda de dólares no mercado futuro). Essa é a maior cotação desde 22 de maio deste ano, quando a divisa encerrou a R$ 2,080. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) também sofreu com a aversão ao risco. Os mercados chegaram a se animar com o socorro de 100 bilhões da União Europeia à Espanha, mas acabaram prevalecendo incertezas quanto à eficácia da medida. O Ibovespa, referência do mercado brasileiro, chegou a subir 1,78%, mas fechou em queda de 0,79%, aos 54.001 pontos.

- A oferta de dólares foi menor do que nos últimos dias e não foi suficiente para acalmar os investidores. Apesar da ajuda à Espanha, o mercado continua reticente. Quando aumenta a aversão ao risco, o dólar sobe - diz o gerente da mesa de câmbio da corretora BGC Liquidez, Francisco Carvalho.

A desconfiança em relação ao sucesso do plano de resgate espanhol, com a perspectiva de queda na demanda por petróleo em decorrência da crise, contribuiu para o recuo da cotação do óleo tipo Brent. O barril para entrega em julho caiu 1,48% em Londres, para US$ 98, o menor patamar desde janeiro de 2011, segundo a Bloomberg News. Em Nova York, o tipo leve americano recuou 1,70%, a US$ 82,70. Isso afetou as ações preferenciais (PN, sem direito a voto) da Petrobras, que recuaram 2,60%, a R$ 18,39, bem como as ordinárias (ON, com voto) da OGX Petróleo, que caíram 7,40%, a R$ 9,39. A Petrobras ainda divulgou queda na produção em abril. Os papéis PN da Vale retrocederam 1,18%, a R$ 36,89.

As ações PN da TAM chegaram a cair 10,97%, mas fecharam em queda de 2,10%, a R$ 41,51. A perda foi acentuada porque terminou ontem o leilão da oferta pública de permuta de ações da companhia. Cada papel da TAM será trocado por 0,9 recibo (BDR) da Latam, a empresa resultante da fusão com a chilena LAN. Para analistas, isso se deveu ao fato de alguns acionistas não terem interesse em permanecer com o novo papel.

- É uma empresa que terá gestão mista e ninguém pode garantir que as sinergias vão realmente ocorrer - diz Pedro Galdi, estrategista da SLW Corretora.

Na Europa, a Bolsa de Madri, que chegou a saltar 5,93% pela manhã, fechou em queda de 0,54%. Paris recuou 0,29% e Londres, 0,05%. Frankfurt avançou 0,17%. A Bolsa de Milão perdeu 2,79%, com a divulgação do recuo da economia italiana no primeiro trimestre.

O mercado de títulos também mostrou ceticismo sobre o socorro à Espanha. O retorno sobre os títulos de 10 anos do Tesouro espanhol avançou de 6,22% para 6,52%. Quanto menor a demanda, maior o retorno. Para os títulos da Itália, o retorno avançou de 5,77% para 6,04%. Já o chamado risco-Espanha, medido pela diferença entre seus títulos e os do Tesouro alemão, ficou em 520 pontos centesimais, depois de registrar a mínima de 462 pontos pela manhã.

Em Nova York, o índice Dow Jones recuou 1,14%, enquanto S&P 500 e Nasdaq caíram 1,26% e 1,70%, respectivamente.

* Com agências internacionais