Título: Índia pode ser primeiro país do Bric a perder grau de investimento, diz S&P
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Fonte: O Globo, 12/06/2012, Economia, p. 20

MUMBAI, PEQUIM e PARIS. A agência de classificação de risco Standard&Poor"s (S&P) afirmou ontem que a Índia pode ser a primeira economia do Bric - grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China - a perder o status de grau de investimento. Em abril, a S&P havia reduzido a perspectiva para a nota do país, de estável para negativa (com possibilidade de rebaixamento). O ministro de Finanças, Pranab Mukherjee rebateu a agência, afirmando que dentro em breve haverá uma reviravolta nas perspectivas de crescimento para a Índia.

"A desaceleração do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) e impasses políticos na formulação de políticas econômicas são apenas alguns dos fatores a aumentar o risco de a Índia perder seu rating de grau de investimento", afirmou a S&P em nota. O rating soberano da Índia é "BBB-", o menor dentro do espectro de grau de investimento e o mais baixo do Bric.

O analista da S&P Takahira Ogawa afirmou que não houve mudanças no cenário em relação a abril e que a nota visava a dar mais explicações sobre a avaliação da agência.

No primeiro trimestre, a Índia registrou de 5,3%, o mais fraco em nove anos e bem abaixo das expectativas.

"Atrasos ou retrocessos no caminho da Índia para uma economia mais liberal podem afetar suas perspectivas de crescimento a longo prazo e, consequentemente, seu rating soberano", afirmou a S&P.

OCDE aponta desaceleração em China e Índia

Temendo que a crise europeia respingue em sua economia, a China afirmou ontem que o socorro de 100 bilhões à Espanha é bem-vindo a curto prazo, mas pediu que a União Europeia (UE) tome ações mais decisivas para garantir estabilidade a longo prazo.

- Esperamos que essas medidas sejam úteis para conter a crise - afirmou ontem o vice-ministro de Finanças da China, Zhu Guangyao. - Isso pode ser muito útil para controlar o risco a curto prazo. Mas, no interesse da estabilidade a médio e longo prazos, esperamos que a zona do euro melhore o seu consenso e tome ações mais decisivas.

O jornal "Diário do Povo", órgão do Partido Comunista chinês, foi menos condescendente. Um artigo, assinado com o pseudônimo "Voz da China" - usado pelo jornal para expressar opiniões sobre assuntos externos -, afirmou que "problemas que podem ser resolvidos com dinheiro não são problemas". "Fundamentalmente, a Europa está enfrentando um problema de integração e sobrevivência sistêmicas. A superação da crise depende de os países endividados decidirem adotar reformas dolorosas."

A avaliação de que as economias indiana e chinesa já sofrem com a crise na Europa foi corroborada ontem por um relatório da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que apontou sinais de que as economias de Índia e China começam a vacilar em meio à crise da dívida na Europa.

A OCDE informou que seu principal indicador composto (CLI, na sigla em inglês) para a China, que fornece uma medida da atividade econômica futura, recuou de 99,4 para 99,1 em abril, distanciando-se ainda mais de sua média de longo prazo, de 100. Já o CLI para a Índia recuou de 98,2 para 98,0, também abaixo da média de 100. O Brasil subiu de 98,7 para 99.

O CLI geral para o grupo dos 33 países da OCDE avançou de 100,4 para 100,5, graças ao aumento da atividade em Estados Unidos, Japão e Rússia. A zona do euro, por sua vez, permaneceu estável em 99,6, assim como a França. Já a Itália recuou de 99,2 para 99,1. O CLI para a Alemanha também ficou inalterado em 99,4. O Reino Unido, entretanto, subiu de 99,7 para 99,8.

-------------------------------------------------------------------------------- adicionada no sistema em: 12/06/2012 03:56