Título: Europa só tem três meses para salvar a moeda única, diz Lagarde
Autor: Times , New York
Fonte: O Globo, 13/06/2012, Economia, p. 18

PARIS e WASHINGTON. A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, afirmou ontem, em entrevista à rede de TV CNN, que o euro tem "menos de três meses" para ser salvo. O exíguo prazo mencionado por ela parece ser uma referência à previsão feita pelo megainvestidor George Soros, no início do mês, quando afirmou que a Europa teria três meses para salvar sua moeda.

- A construção da zona do euro tem exigido tempo. É um trabalho que ainda está em construção - disse Lagarde à CNN.

A diretora do FMI se desculpou por ter chamado os gregos de sonegadores de impostos. Segundo ela, o comentário foi tomado de forma inflamada e transformado em ofensa. Lagarde não quis fazer uma previsão sobre a permanência da Grécia na zona do euro:

- Trata-se de uma decisão política - afirmou Lagarde, que participou ontem em Washington de uma conferência sobre sustentabilidade preparatória para a Rio+20.

Bird prevê que crise

afetará países emergentes

O Banco Mundial (Bird), por sua vez, divulgou ontem o relatório "Prospectos econômicos globais - administrando crescimento num mundo volátil", em que afirma que a crise da zona do euro aumentou os riscos para países emergentes, como o Brasil. O Bird afirma que os temores que pairam sobre a Europa reduziram a tolerância dos investidores a riscos e, assim, recomenda aos países que se protejam, reduzindo seus débitos. O banco reduziu sua projeção de crescimento da economia global de 3,1% para 2,5% em 2012.

No relatório, uma atualização da projeção do Bird para a economia global, o banco prevê um crescimento pífio nos próximos anos em países de alta renda, como Japão, Alemanha e EUA. Para os emergentes, o Bird espera crescimento mais modesto nos países que estavam sendo o motor da recuperação global, como China e Brasil. E vê também países em desenvolvimento em África, Ásia e América Latina com um crescimento mais lento do que tiveram na década passada.

- O mundo está em uma conjuntura bastante difícil - disse Andrew Burns, um dos principais autores do relatório do Bird, citando como fatores principais os temores em relação à estabilidade da zona do euro, menor crescimento nos emergentes e uma disseminada incerteza nos mercados financeiros.

Para a América Latina e o Caribe, o Bird prevê uma desaceleração de 4,3% em 2011 para 3,5% este ano e 4,1% e 4%, respectivamente, em 2013 e 2014. No caso do Brasil, o Bird projeta que o país crescerá de 2,9% em 2012, antes de avançar para 4,2% em 2013 e 3,9%, em 2014. A zona do euro deve encolher 0,3% este ano, enquanto o conjunto dos emergentes deve ter expansão de 5,3%.

* Com agências internacionais