Título: Benefício aumenta autonomia feminina para tomar decisões
Autor: Gois, Antônio; Duarte, Alessandra
Fonte: O Globo, 15/06/2012, O País, p. 11

Mulheres se sentem mais confiantes para usar contraceptivos e definir gastos

Ao transferir prioritariamente às mulheres os recursos do programa, o Bolsa Família tem ajudado a deixá-las mais autônomas e com mais poder no domicílio. Várias mulheres beneficiadas pelo programa declararam, em maior proporção, terem mais autonomia em relação aos cônjuges para tomar decisões sobre gastos ou comportamentos como o uso de contraceptivos.

O estudo do MDS sustenta, por exemplo, que, em vez de induzir a um aumento da natalidade pelo fato de vincular o valor dos repasses ao número de crianças, o Bolsa Família atua em direção oposta: melhorando o acesso a métodos contraceptivos ao empoderar as mulheres.

Hildete Pereira de Melo, professora da UFF, destaca o aumento da autonomia das mulheres por elas serem as responsáveis pelo dinheiro da transferência nas famílias.

- Não é algo que dê igualdade de renda a elas, mas as ajuda a saírem da submissão masculina. O cartão (do Bolsa Família) é delas, está no nome delas. Os outros efeitos, como aumento da frequência escolar, da vacinação, com isso já se contava, porque são as condicionalidades exigidas pelo programa. O mais emblemático é mesmo esse maior poder às mulheres - diz.

Hildete destaca outro aspecto do programa que ajuda a aumentar a autonomia feminina em questões de saúde reprodutiva: como várias condicionalidades exigem a ida a um posto de saúde - caso da vacinação de crianças -, essas mulheres podem ter mais acesso a orientação e meios para evitar uma gravidez indesejada.

Esse maior acesso à saúde é incentivado já na fase de gravidez. O percentual de mulheres beneficiadas que não receberam cuidados pré-natais caiu de 19% para 5% entre as incluídas no programa. Entre as mulheres não incluídas mas igualmente pobres, a variação entre 2005 e 2009 foi de 23% para 12%.