Título: UE admite discutir medidas de crescimento no acordo com Grécia
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Fonte: O Globo, 18/06/2012, Economia, p. 16

BRUXELAS, BERLIM e WASHINGTON. A vitória do candidato conservador Antonis Samaras, do partido Nova Democracia, nas eleições parlamentares gregas foi celebrada em toda a Europa como um sinal de que o país prefere permanecer na zona do euro e está disposto a acatar as medidas de austeridade que o pacote fechado com a União Europeia (UE) impõe. Mas o fantasma de uma vitória do esquerdista Alexis Tsipras parece ter amolecido a disposição dos sócios europeus. Ontem, os ministros de Finanças da zona do euro divulgaram um comunicado comprometendo-se a ajudar a Grécia na aplicação das reformas fiscais e estruturais.

"O Eurogrupo reitera seu compromisso para ajudar a Grécia em seus esforços de ajuste para enfrentar os numerosos desafios por que passa sua economia", aponta do comunicado.

Já o ministro alemão de Relações Exteriores, Guido Westerwelle, disse que Atenas poderá obter pequenas concessões da zona do euro, embora tenha descartado uma renegociação total. O ministro sugeriu que a Grécia poderá obter mais tempo para cumprir suas obrigações negociadas no pacote que permitu ao país receber 130 bilhões em ajuda da UE. Suas declarações vão ao encontro do que anunciou Samaras, de que pretende incluir no acordo com a UE medidas de crescimento.

- Não pode haver mudanças substanciais nos acordos, mas imagino que se poderia falar dos prazos mais uma vez, já que a realidade é que houve na Grécia um vazio de poder devido às eleições - disse o ministro.

EUA esperam que um governo seja formado logo

O Fundo Monetário Internacional (FMI) - entidade que, ao lado do Banco Central Europeu (BCE) e da Comissão Europeia, compõe a chamada troika, que negociou com o governo grego o pacote de ajuda - anunciou ontem que ajudará o novo governo.

- Acompanhamos os resultados das eleições na Grécia e estamos prontos para nos engajarmos com o novo governo de forma a judar a Grécia a alcançar seus objetivos de restauração da estabilidade financeira, crescimento econômico e criação de empregos - disse um porta-voz do Fundo.

A Casa Branca anunciou ontem que espera que o resultado das eleições gregas leve à rápida formação de um novo governo que "avance rapidamente" nos desafios econômicos. O comunicado também reitera a posição dos EUA de que a Grécia deve permanecer na zona do euro.

- Felicitamos o povo grego por celebrar sua eleição neste tempo difícil - disse Jay Carney, secretário de imprensa do presidente Barack Obama.

Analistas preveem que a reação dos mercados será positiva hoje, mas tudo dependerá das negociações para formação do novo governo de coalizão.

- A tensão se aliviou um pouco - disse Jack Ablin, chefe de investimentos do Harris Privite Bank, em Chicago.

Já François Savary, chefe de investimentos do Reyl, em Genebra, disse que a possibilidade de uma coalizão entre o Nova Democracia e Pasok é algo bom:

- A Alemanha parece estar abrindo as portas para renegociar o programa da Grécia. Isso seria um fator positivo para os mercado, mas também teremos que olhar os temas de crescimento e da Espanha. Novas injeções de liquidez serão necessárias.