Título: No estilo Dilma, sobram broncas para ministros
Autor: Gama , Júnia
Fonte: O Globo, 17/06/2012, O País, p. 13

A reação da presidente Dilma Rousseff às declarações do ministro Mendes Ribeiro (Agricultura), no fim de semana, desautorizando-o de pronto por causa de um comentário sobre a nova Medida Provisória do Código Florestal, não foi inédita. É comum a presidente desautorizar ministros e assessores do primeiro escalão publicamente e, mais ainda internamente, por conta de declarações e atitudes que não lhe agradam. O tratamento não é exclusivo para ministros que caíram sob suspeitas de irregularidades ano passado. Ocorre com gente como Gilberto Carvalho, Marco Aurélio Garcia, Ideli Salvatti e Gleisi Hoffmann.

O comportamento recorrente da presidente já é motivo até de piada entre eles. Quando algum desavisado se queixa de não conseguir audiência com a presidente, os escaldados brincam: "Sorte dele, que não vai levar bronca".

Como resultado, quase sempre, o alvo das críticas da presidente passa a evitar a imprensa e até mesmo aparições públicas. Por conta das reprimendas, a Esplanada dos Ministérios fica cada vez mais silenciosa, e relatos sobre as broncas pululam pelos corredores do poder.

Segundo ministros que costumam viajar no avião com Dilma Rousseff, o momento de maior tensão é quando ela convida algum deles para entrar em sua cabine. Às vezes, o auxiliar é chamado somente para tratar amenidades, como trocar ideias sobre livros que tem lido ou músicas que tem ouvido. Mas, na maioria das ocasiões, sabe que levará um dolorido puxão de orelha. E o pior, dizem eles mesmos, não há para onde fugir.

O ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil, Wagner Bittencourt, já passou por essa situação. Segundo relato de um colega, ele estava em viagem ao Rio no avião presidencial quando foi chamado para uma conversa. Ele já entrou com os nervos saltitando porque a época era de discussão sobre as privatizações dos aeroportos e os atrasos na publicação dos editais.

Pela expressão do ministro quando deixou a cabine, seus colegas logo notaram a bronca. Um deles comentou: "Coitado do Wagner, se ele tivesse um paraquedas, teria saltado do avião".