Título: PT cede secretaria, e Maluf pode apoiar Haddad
Autor: Amorim , Silvia
Fonte: O Globo, 16/06/2012, O País, p. 11

A três dias da reunião em que o PP anunciará a quem vai apoiar na eleição em São Paulo, a concessão de uma secretaria no Ministério das Cidades ao deputado Paulo Maluf (PP-SP) deixou o partido mais próximo de uma aliança com o PT do pré-candidato Fernando Haddad do que com o PSDB do ex-governador José Serra. A nomeação de um indicado de Maluf, o engenheiro Osvaldo Garcia, para comandar a Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental foi publicada ontem no Diário Oficial da União.

O ministério atribuiu a mudança a um "ajuste técnico de gestão". Mas a nomeação tem razões políticas. Foi uma saída encontrada por dirigentes nacionais do PP, como o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, para tentar fazer Maluf fechar um acordo com Haddad. Maluf, há meses, negocia com os tucanos as condições de uma aliança com Serra. A reviravolta surpreendeu o grupo serrista.

Garcia toma posse na próxima semana. Já o atual dirigente da pasta entregue a Maluf, Leodegar da Cunha Tiscoski, foi transferido para a Secretaria Nacional de Acessibilidade e Programas Urbanos.

A disputa pelo apoio do PP deve-se ao tempo que a sigla tem no horário eleitoral gratuito, cerca de um minuto e meio. Ele definirá se será Haddad ou Serra quem terá a maior propaganda na TV. Segundo integrantes da campanha tucana, mais de uma vez Maluf garantiu a Serra o apoio, mas, quando procurado para agendar o anúncio, recuou.

- Corremos o risco de não ter o PP na coligação - admitiu um auxiliar de Serra.

Um dos impasses com o PSDB é o pedido do deputado por mais espaço no governo de Geraldo Alckmin (PSDB). Maluf já controla a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano, mas não tem bom relacionamento com o atual secretário da Habitação, Silvio Torres.

A união com o partido de Maluf é vista com ressalvas por alguns petistas, mas o pragmatismo motivado pelo acréscimo de tempo de TV deve prevalecer.

- O meu desejo é estar com todos os partidos da base do governo Dilma - disse Haddad.

Apresentada ontem como vice de Haddad, a deputada Luiza Erundina (PSB), adversária de Maluf em São Paulo, deixou no ar o descontamento com a aliança:

- Os dirigentes partidários é que têm que examinar. Isso não passa pela minha decisão pessoal. A gente quer, junto de nós, pessoas que declarem e afirmem na prática seu compromisso com nosso projeto político.

Questionada se subiria no palanque com Maluf, ela disse:

- Vou fazer campanha junto ao povo.