Título: Mercado prevê alta de só 2,3% do PIB este ano e já corta previsão para 2013
Autor: Oswald, Vivian; Fariello, Danilo
Fonte: O Globo, 19/06/2012, Economia, p. 23

Estimativa caiu a 4,25%. Analistas veem taxa de juros de 7,5% em dezembro

BRASÍLIA. Pela primeira vez desde abril, os analistas de mercado reduziram a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) brasileiro para 2013. Baixaram para 4,25% a projeção, que se mantinha desde meados de maio em 4,50%. Para este ano, o pessimismo continua, e as estimativas foram revistas de 2,53% para 2,30%, a sexta queda do ano, a despeito de todas as medidas tomadas até agora pelo governo com o objetivo de reaquecer a economia.

Apesar da redução das expectativas para 2013, a taxa esperada pelos agentes de mercado ouvidos pelo Banco Central (BC) na pesquisa Focus ainda está um pouco acima da projeção do começo do ano (4,20%).

- Ainda não há eventos novos que justifiquem revisões mais bruscas para baixo. Essa queda pode ser atribuída às sucessivas pioras no cenário europeu - disse o economista da Consultoria Tendências Tiago Curado.

A projeção para 2012 já está um ponto percentual abaixo do início do ano, quando chegava a 3,30%. E é inferior às expectativas do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que garante que o PIB poderá pelo menos repetir o desempenho de 2011, quando cresceu 2,7%.

Na semana passada, ao anunciar um conjunto de medidas para turbinar os investimentos dos estados e reaquecer a economia, cujo carro-chefe é uma linha de crédito especial de R$ 20 bilhões do BNDES, Mantega assegurou que as iniciativas ainda teriam impacto sobre o PIB deste ano. Mas esta parece não ter sido a percepção do mercado.

- A Tendências trabalha com crescimento de 1,9% para este ano, que só se sustenta por conta de todas as medidas tomadas pelo governo. Ou seja, no entendimento de que haverá retomada no segundo semestre - afirmou Curado.

O Focus também reduziu a perspectiva para a taxa básica de juros (Selic) em 0,50 ponto percentual, para 7,50% ao ano.

Ciente das dificuldades de acelerar os investimentos para a economia reagir ainda em 2012, a presidente Dilma Rousseff determinou que a equipe econômica turbine as expectativas do mercado para despertar o "espírito animal" do empresariado, já com foco em 2013. Assim, está sendo elaborado um cronograma detalhado de concessões, licitações e projetos para estimular um novo ciclo de crescimento, acima de 4,5% ao ano.

Esse cronograma deve ser fechado após as reuniões do G-20, no México, e da Rio+20, período em que pode ser aprovado no Senado o Regime Diferenciado de Contratações (RDC) para obras do PAC. Nos planos do governo estão a concessão de dois portos nos próximos meses, a construção de hidrelétricas e investimentos em petróleo e gás.

- Tem de haver uma programação para os agentes econômicos começarem a se movimentar - disse uma fonte do governo.