Título: PMDB no Senado já discute novo líder do governo
Autor: Lima , Maria
Fonte: O Globo, 16/06/2012, O País, p. 12

A presidente Dilma Rousseff ainda não formalizou a substituição do líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), mas líderes do grupo adversário, integrado por Renan Calheiros (PMDB-AL), Gim Argello (PTB-DF) e José Sarney (PMDB-AP), já se movimentam, nos bastidores, para tentar influir na escolha do substituto. Ao mesmo tempo, comemoram o fracasso de Braga, que assumiu em março no lugar de Romero Jucá (PMDB-RR) com a missão de "acabar com as velhas práticas políticas" na relação da base com o governo.

Neste fim de semana, Braga decide com o governador do Amazonas, Omar Aziz, se será candidato a prefeito de Manaus.

Interlocutores do PMDB dizem que a candidatura, com a consequente renúncia à liderança, seria uma saída honrosa para Braga, que não conseguiu se viabilizar como líder no trato diário com os senadores. Além disso, ele se desgastou muito com a Dilma como relator da polêmica medida provisória 568, que, por erro, reduzia o salário de médicos de instituições federais.

- Eduardo Braga chegou brigando e trombando com todo mundo, mas virou um líder sem tropa. Há três meses, a presidente Dilma está sem interlocutor no Senado. Quem tem tropa aqui é o Walter Pinheiro, o Renan, o Gim Argello e o Sarney - diz um aliado.

O nome mais lembrado, dentro do grupo de Renan/Sarney/Gim é justamente o do ex-líder Romero Jucá, que tem mantido um comportamento discreto desde que deixou o cargo, mas ativo no trabalho das comissões e plenário como relator de projetos, inclusive os de interesse do governo. O grupo até sugere que Dilma poderia recuar e chamá-lo de volta. Ainda que a presidente não faça isso, eles avisam que um novo líder tem que passar pelo crivo do grupo.

- Nome do PT não passa, não! Dilma terá que consultar a gente, porque, se colocar outro sem interlocução, não adianta nada. Tem que consultar os três que comandam a base, mais o Sarney. O Jucá é o único grande nome com esse perfil. Um recuo da presidente seria inteligente. Teria tido CPI se o líder fosse Romero? Jamais! Mas também não sei se agora ele vai querer - diz um desses três líderes no Senado.

Eduardo Braga já vinha desgastado desde que resolveu enfrentar esses líderes, e acabou se isolando. A pá de cal foi o caso da "MP dos médicos". Desesperado por uma saída diante de uma greve nacional de médicos, ele acabou trombando com os ministros da Educação, Aloizio Mercadante, e do Planejamento, Miriam Belchior.

- O que fizeram com essa MP foi uma covardia! O problema é que o Eduardo Braga era acostumado a mandar como governador e, como líder, isso não funciona - avaliou outro líder do Senado.