Título: UE: solução para a crise vai demorar
Autor: Barbosa, Flávia
Fonte: O Globo, 19/06/2012, Economia, p. 22

Cobrados na cúpula do G-20, líderes dizem que é preciso antes fortalecer união

LOS CABOS , México. A Europa não tem como oferecer ao mundo uma solução definitiva para a crise no continente na reunião de cúpula do bloco, nos dias 28 e 29 de junho, reconheceram ontem os presidentes da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, e do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy. Antes da primeira sessão de trabalho dos líderes do G-20 (grupo das maiores economias do mundo), eles afirmaram que a maior parte das ações depende do fortalecimento da união política entre os 27 países da região, num processo que poderá levar, dependendo do tema, dez anos, por alterar tratados que precisam ser ratificados nacionalmente.

A comunidade internacional pressiona a União Europeia (UE) a apresentar, no fim deste mês, um plano detalhado que trate das principais fragilidades da economia do bloco, como o descontrole fiscal, os desequilíbrios bancários e o lento crescimento.

- Entendemos os problemas dos outros. Então, por favor, entendam os nossos. Estamos trabalhando com 17 democracias (na zona do euro), 27 democracias (na UE), então é difícil. Vamos superar, passo a passo, nossos problemas, mais devagar do que esperávamos, mas vamos. Reformas levam tempo, considerem isso - disse Van Rompuy.

Barroso e Van Rompuy salientaram que algumas medidas podem ser encaminhadas no âmbito da UE mais rapidamente, como a união bancária. Mas advertiram que um sistema comum de administração de dívida, que permita, por exemplo, a emissão de bônus europeus (que funcionariam como garantia mútua entre os países, socializando entre eles os custos de sócios em crise), depende da coordenação fiscal prévia, em que os sócios tenham algum tipo de poder sobre orçamentos uns dos outros. E este é um tema delicado:

- O mais importante é demonstrar disposição para corrigir as fraquezas da estrutura política da união. Não teremos decisões completas em junho. Mas mostrar caminhos e a trajetória é importante, e isso teremos - afirmou Barroso. (Flávia Barbosa, enviada especial)