Título: Grécia tenta construir com urgência governo de coalizão pró-resgate
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Fonte: O Globo, 19/06/2012, Economia, p. 20

Samaras, o vitorioso líder do partido Nova Democracia, deve fazer anúncio hoje

ALEXIS TSIPRAS (à esquerda), da esquerda radical, cumprimenta mas diz "não" à aliança com Samaras

Petros Giannakouris/Reuters

ATENAS . A tarefa de Antonis Samaras, líder do partido conservador Nova Democracia, que ganhou as eleições do último domingo, na Grécia, já se mostra hercúlea. Apesar da vitória, o partido não conseguiu votos suficientes para formar um governo próprio. Por isso, o dia de ontem foi de intensas negociações no país. O líder enfrentou as reticências de seus velhos rivais do partido socialista Pasok e as condições da Esquerda Democrática, cujos deputados são necessários para atingir uma maioria folgada no Parlamento.

Os dois prováveis sócios da coalizão, que hoje mesmo devem anunciar um acordo, defendem o resgate europeu, mas concordam com a necessidade de negociar as políticas de austeridade impostas pelos credores. Logo após a cerimônia em que recebeu do presidente da Grécia, Karolos Papoulias, o mandato para formar o novo governo, Samaras declarou que tentará mudar os termos do socorro financeiro:

- Vamos simultaneamente fazer algumas alterações necessárias no acordo de resgate para aliviar o povo do desemprego e das enormes dificuldades.

Alemanha pode diminuir pressão por austeridade

Já o partido radical de esquerda Syriza, que ficou em segundo lugar no pleito, avisou que vai permanecer na oposição. Também Panos Kammenos, do partido Gregos Independentes, disse "não" a Samaras. O líder do partido socialista Pasok, Evangelos Venizelos, terceiro colocado, por sua vez, criticou a decisão do líder esquerdista Alexis Tsipras, do Syriza, e insistiu na formação de uma coalizão ampla:

- O crucial para nós agora é atingir o maior alcance possível de consenso, e isso deve ocorrer até amanhã (hoje) à noite no máximo - disse ele, depois de se reunir com Antonis Samaras, segundo o jornal grego "Kathimerini".

Ontem, líderes mundiais saudaram a eleição grega. Para Barack Obama, o resultado representa um "prospecto positivo" para a formação de um novo governo que "continue no caminho das reformas". O governo de Berlim ressaltou que espera que se cumpram os termos do resgate, mas sinalizou que pode diminuir as pressões pela austeridade. "Está claro para nós que a Grécia não deve ser pressionada demais", afirmou o vice-ministro das Finanças, Steffen Kampeter, a uma rede de televisão alemã.