Título: Brasileiro será executado na Indonésia
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Fonte: O Globo, 23/06/2012, O País, p. 14

A Indonésia anunciou que o brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, de 50 anos -condenado à morte no país por tráfico de drogas - será morto por fuzilamento no início de julho. O anúncio foi feito na quarta-feira pelo procurador Andi DJ Konggoasa em entrevista ao jornal "Jarkata Post". Mais dois estrangeiros serão executados no país em julho. Segundo o procurador, os condenados "tomaram todas os tipos de medidas legais para reduzir a sentença", mas estas não tiveram sucesso. Archer tentou entrar naquele país com 13,5 quilos de cocaína.

O governo brasileiro trata com toda discrição possível, sem alarde, o caso de Archer. O Itamaraty informou apenas que o governo está ciente do assunto, cuidando do caso e adotando as providências possíveis. O Ministério das Relações Exteriores evitar tratar publicamente do assunto, mas o governo faz gestões, há anos, para evitar que Archer seja fuzilado. Todas as comunicações enfatizaram que, embora fosse reconhecida a gravidade do crime pelo qual Archer estava sendo processado, a pena de morte não existe no Direito brasileiro. "Sua aplicação a um compatriota causaria enorme consternação na opinião pública nacional", disse o Itamaraty.

Quanto menos o tema estiver na imprensa, entende o Itamaraty, maiores as chances de obter algum resultado positivo nas tratativas com o governo indonésio. Apesar dos pedidos de clemência feitos pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2005 e 2006, terem sido negado pelo presidente da Indonésia, Susilo Yudhoyono, o governo brasileiro entende ter sido bem sucedida a protelação do fuzilamento de Archer, preso em 2003.

Susilo teria sido abordado sobre o assunto por autoridades brasileiras nesta sua vinda para a Rio+20, mas declarações são evitadas porque é grande a pressão na Indonésia pelo cumprimento da sentença contra Archer.

Carioca de Ipanema, o instrutor de asa delta Marco Archer foi preso em agosto de 2003, quando tentava entrar na Indonésia levando cocaína distribuídos em 19 sacos plásticos escondidos dentro de um equipamento de voo livre. A droga foi descoberta quando a bagagem dele passava pelo aparelho de raios X do aeroporto Soekarno-Hatta, em Jacarta. Archer conseguiu fugir do aeroporto e se esconder, mas foi capturado 16 dias depois na ilha de Sumbawa. Marco confessou ter recebido a cocaína em Lima, no Peru. Disse também que a droga seria repassada para traficantes da Austrália.

De acordo com o jornal indonésio, em seu pedido final, Marco quis uma garrafa de uísque. Os outros estrangeiros que serão mortos são o maluiano Namaona Dennis e o paquistanês Muhammad Abdul Hafeez, presos por tráfico de heroína em 2001. Dennis e Hafeez pediram um encontro com as famílias.

Na época da prisão de Archer, sua mãe, Carolina Archer Pinto, disse que o filho precisava do dinheiro para pagar a dívida de uma cirurgia feita em Cingapura após um acidente sofrido na ilha de Bali, em 1997. Carolina morreu antes de saber a condenação definitiva do filho.

Outro brasileiro também foi condenado à morte na Indonésia. O surfista Rodrigo Gularte foi preso no páis em 2004 com seis quilos de cocaína dentro de pranchas de surfe.