Título: Rio quer R$ 900 milhões do BNDES para estados
Autor: Bonfanti, Cristiane
Fonte: O Globo, 20/06/2012, Economia, p. 27

Governo fluminense pretende usar os recursos da nova linha em projetos de mobilidade urbana

BRASÍLIA. O governo do Rio espera obter uma fatia de R$ 900 milhões do total de R$ 20 bilhões da linha especial de crédito do BNDES, anunciada pelo governo federal na última sexta-feira para turbinar os investimentos nos estados. Com o segundo maior Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos) do país, o estado vai destinar os recursos, principalmente, para projetos de mobilidade urbana, de atendimento às comunidades carentes e para as obras de saneamento básico.

O secretário de Fazenda do Rio de Janeiro, Renato Villela, defendeu que o governo contemple três fatores na hora de distribuir os recursos. A seu ver, dos R$ 20 bilhões, 50% deveriam ser repartidos de acordo com os critérios de rateio do Fundo de Participação dos Estados (FPE), 40% conforme o tamanho da população e outros 10% divididos igualmente entre todas as unidades da federação.

- Não fizemos as contas em termos de valor, mas pensando na forma mais justa. Assim, todos os estados teriam uma parcela garantida. No caso do Rio, boa parte dos investimentos será para Copa e Olimpíadas.

Terceiro motor da economia, Minas Gerais quer receber entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão. Na avaliação do secretário de Fazenda do estado, Leonardo Colombini, a partilha do crédito deve considerar a qualidade dos projetos dos governos.

Estados têm potencial de dobrar endividamento

Andrea Calabi, secretário de Fazenda de São Paulo, não informou o valor que o governo pretende, mas concordou que a partilha deve dar mais prioridade para quem tem mais projetos. O Rio Grande do Sul, embora com o maior nível de endividamento do país, espera receber R$ 500 milhões.

Estudo da Austin Rating feito a pedido do GLOBO mostra que os dez estados com os maiores PIBs do país, que concentram 83,1% da riqueza nacional, têm endividamento médio de 101% da receita corrente líquida, o que permite a contratação de novos empréstimos no mesmo montante da dívida atual, segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

- Isso indica que eles têm potencial de dobrar o nível de endividamento sem comprometer as finanças estaduais - disse o analista Felipe Queiroz.