Título: Governo prevê que Brasil sofrerá efeitos da crise por mais 2 anos
Autor: Valente, Gabriela
Fonte: O Globo, 24/06/2012, Economia, p. 38

Presidente Dilma, no entanto, acredita que sacrifício permitirá juros abaixo de 7%

gabriela.valente@bsb.oglobo.com.br

BRASÍLIA. O pior dos cenários com os quais trabalha a equipe econômica considera que a crise externa e o processo de contágio entre os países europeus se arrastará por mais dois anos, afetando o Brasil. Nesse cenário, haverá baixo crescimento, mas, de acordo com interlocutores, a presidente Dilma Rousseff espera que esse sacrifício também traga benefícios para a população. O principal seria jogar a taxa básica de juros (Selic) para um patamar abaixo de 7% ao ano.

- A presidente diz que tem que ter um retorno para a sociedade desse sacrifício - disse um integrante da equipe.

Assessores do governo põem na conta do Banco Central o crescimento "pífio" esperado para este ano.

- Forçaram a mão demais no ano passado, quando aumentaram os juros para conter a inflação e a atividade da economia. O crescimento não é ruim só por causa da crise. O problema é muito mais interno do que externo - disse uma fonte.

Material de construção

pode ter desoneração

Ainda assim, há esperança de que as medidas tomadas surtam efeito, fazendo a economia rodar a 4,5% ao ano a partir do último trimestre, com impacto efetivo em 2013. O mercado, porém, está menos otimista e trabalha com 4,25% para o ano que vem, de acordo com o boletim Focus.

Para atenuar a crise, se confirmado o cenário desfavorável, o governo deve reverter as medidas tomadas para diminuir a entrada de dólares no país, o que reduziria a volatilidade cambial. Outras medidas de desoneração também podem ser usadas. O setor de materiais de construção seria o próximo beneficiado com redução de tributos.

O cenário mais ameno com o qual trabalha o governo leva em conta uma solução de médio prazo para os problemas europeus, com uma sinalização positiva já na reunião da União Europeia, em Bruxelas nos dias 26 e 27. Mas este não parece ser o mais provável, dizem técnicos. A maior preocupação hoje é com Itália e Espanha.

Embora garanta ter um arsenal de medidas, o governo não quer queimar seus cartuchos por enquanto.