Título: Espanha formaliza pedido de ajuda a bancos, rebaixados pela Moody's
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Fonte: O Globo, 26/06/2012, Economia, p. 25

Socorro seria de 100 bi. Só "rating" do Santander fica acima da nota soberana do país

AGÊNCIA DO Bankia: bancos nacionalizados devem receber mais

Susana Vera/Reuters

TURBULÊNCIA GLOBAL

MADRI. A Espanha apresentou ontem à União Europeia (UE) o pedido formal de ajuda financeira para seus bancos, mas sem divulgar detalhes. Os temores sobre o setor bancário, epicentro da crise na Espanha, foram elevados com o rebaixamento, no início da noite, entre um e quatro níveis, das notas de 28 instituições financeiras do país pela agência de classificação de risco Moody"s Investors Service. Essa ação reflete o corte na nota soberana do país, de "A3" para "Baa3", no último dia 13.

Com o rebaixamento, as notas dos bancos ficaram no mesmo patamar ou abaixo da classificação soberana da Espanha. A exceção foi o Santander, que passou de "A3" a "Baa2", ou seja, um nível acima do rating soberano do país. A Moody"s explicou que isso se deve "ao elevado grau de diversificação geográfica" de suas fontes de receita e ao "nível administrável" de exposição direta à dívida espanhola.

Agência diz ver medidas do governo positivamente

Outro grande banco do país, o BBVA, teve sua nota rebaixada de "A3" para "Baa3". Todas as instituições ficaram com perspectiva negativa, ou seja, podem sofrer novo rebaixamento. Durante o dia, com os rumores sobre o rebaixamento, Santander e BBVA caíram 4,70% e 5,47%, respectivamente. A Bolsa de Madri recuou 3,6%.

A agência disse que pesaram em sua decisão a redução do rating espanhol, que prejudica tanto o apoio do governo aos bancos como a captação destes no mercado, e a estimativa de perdas maiores com empréstimos imobiliários, o que elevaria a necessidade de recursos por parte das instituições financeiras.

A Moody"s ressaltou, porém, que "vê positivamente" as medidas que o governo vem adotando para ajudar os bancos espanhóis. A agência afirmou que "vai avaliar o impacto da futura recapitalização na classificação de crédito dos bancos assim que forem conhecidos o valor final, o período e a maneira pela qual os recursos serão repassados a cada banco".

Em carta a Jean-Claude Juncker, o presidente do Eurogrupo (que reúne os ministros de Finanças da zona do euro), o ministro da Economia espanhol, Luis de Guindos, disse que gostaria de aceitar a oferta de 100 bilhões da UE e que espera concluir o pacote até 9 de julho. Mas ele não informou de quanto a Espanha precisará para recapitalizar os bancos endividados. Guindos disse apenas que o valor final e as condições da assistência ainda estão em discussão.

Bruxelas avisa que vai acompanhar ajustes

A determinação das necessidades de capital do setor bancário terá por base a auditoria independente do segmento encomendada pelo governo. Divulgada na semana passada, a conclusão do levantamento foi de que o montante necessário era de até 62 bilhões, no pior cenário.

Segundo fontes do setor financeiro e do governo, a maior parte do socorro ficará com quatro bancos que foram nacionalizados: Bankia, CatalunyaCaixa, NovaGalicia e Banco de Valencia. Estes poderão receber cerca de 40 bilhões já em julho, disseram as fontes.

O comissário de Assuntos Econômicos da UE, Olli Rehn, afirmou ontem que, com o pedido formal, Bruxelas vai acompanhar "de perto" as medidas tomadas por Madri para reduzir o déficit orçamentário.