Título: Governo prepara novas medidas de estímulo econômico
Autor: Ordoñez, Ramona; Bôas, Bruno Villas
Fonte: O Globo, 26/06/2012, Economia, p. 21

Prorrogação de IPI menor e corte no juro de longo prazo estão no novo pacote

Geralda Doca, Cristiane Bonfanti e Vivian Oswald

BRASÍLIA. Até o fim desta semana, o governo espera concluir mais um conjunto de medidas para turbinar a economia. Na quinta-feira, o Conselho Monetário Nacional (CMN) deve autorizar um corte na Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) de pelo menos 0,25 ponto percentual. A taxa está congelada em 6% ao ano há três anos e, segundo interlocutores, há espaço para atender ao pleito do setor produtivo, que pressiona para que a TJLP seja reduzida.

Um dos critérios para a revisão da TJLP, que tem validade trimestral, é a inflação projetada para 12 meses. O governo trabalha em cima de um cenário de juros básicos de 8,5% ao ano e inflação convergindo para o centro da meta (4,5%).

O governo deverá anunciar até sexta-feira a prorrogação do IPI reduzido para linha branca, móveis, lâmpadas e luminárias, que vence no fim deste mês. Além disso, a equipe econômica estuda ampliar a lista dos materiais de construção, já contemplados com o tributo reduzido até o fim deste ano.

Governo frisa que medidas

já estavam previstas

Ainda no ramo de material de construção, a Caixa Econômica Federal deve apresentar ao Conselho Curador do FGTS, que se reúne amanhã, a proposta de criação de um seguro contra inadimplência, a fim de deslanchar a linha de financiamento de R$ 1 bilhão do Fundo. A ideia é que, mesmo com esse seguro, os juros cobrados do consumidor não passem dos 2% ao mês. A média do mercado para a modalidade supera os 5%.

A redução da TJLP, que é a taxa de juros básica dos empréstimos do BNDES, pode levar este, segundo fontes, a rever as condições dos programas existentes. Os principais beneficiados de um eventual corte seriam as empresas que já tomaram empréstimos atrelados à taxa ou não se enquadram nas regras do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), destinado ao financiamento de bens de capital, máquinas e equipamentos, ônibus e caminhões, com juros subsidiados (entre 5,5% e 7,5%, até dezembro). Um projeto para uma fábrica, por exemplo, não se encaixaria na modalidade.

Para o economista Thovan Tucakov, da LCA Consultores, a redução da TJLP é importante para impulsionar a atividade econômica. Mais que isso, porém, seria uma medida para reduzir o preço de máquinas e equipamentos. Fontes do governo destacaram que não há um pacote a ser anunciado, mas sim medidas que já vinham sendo analisadas.