Título: O que mais tenho são discos
Autor: de Carvalho, Jailton
Fonte: O Globo, 07/07/2012, O País, p. 11

BRASÍLIA. Dando sequência à série de discursos de defesa iniciada segunda-feira, o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) - cujo processo de cassação será votado na próxima quarta-feira - afirmou ontem que perito contratado por ele concluiu que as conversas telefônicas gravadas pela Polícia Federal foram editadas, e que a imprensa está fazendo "oba-oba" com sua dignidade. Ele disse ainda não tem "quase patrimônio nenhum" e que não recebeu dinheiro da organização criminosa do bicheiro Carlinhos Cachoeira:

- O que mais tenho mesmo são discos. Tinha também muitos livros, mais de cinco mil exemplares, mas dei minha biblioteca inteira para instituições públicas de Goiás.

Mesmo sustentando que as escutas telefônicas foram deturpadas pela Polícia Federal com o intuito de incriminá-lo, Demóstenes disse que não há nada nas conversas que o comprometa. Ele leu, na tribuna, a conclusão do trabalho feito pelo perito Joel Ribeiro Fernandes, que não teve acesso aos grampos originais. Ele analisou poucos minutos, segundo Demóstenes, das 250 mil horas de gravações.

- "Não há, no material resultante das escutas telefônicas, uma prova científica que demonstre que o mesmo é autêntico e que está íntegro" - leu o senador, acrescentando depois: - Assim que começaram os vazamentos e a imprensa fazendo o oba-oba com a minha dignidade, considerei estranhos diversos diálogos.