Título: PF prende ex-cunhado de Cachoeira em Goiás
Autor: de Carvalho, Jailton
Fonte: O Globo, 07/07/2012, O País, p. 11

BRASÍLIA. A Polícia Federal prendeu ontem, em Anápolis, Adriano Aprígio de Souza, ex-cunhado do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Ele é acusado de ameaçar por e-mail a procuradora da República Léa Batista de Oliveira, uma das responsáveis pela Operação Monte Carlo. A investigação resultou na prisão e em um processo criminal contra Cachoeira e outros suspeitos de envolvimento em exploração ilegal de caça-níqueis e corrupção de agentes públicos, entre outros crimes, em Goiás. Aprígio é apontado pela polícia como um dos principais cúmplices de Cachoeira.

Na primeira fase da Monte Carlo, policiais federais apreenderam importantes provas contra a organização de Cachoeira no apartamento de Aprígio, irmão da ex-mulher do bicheiro. Entre os documentos está o vídeo em que o bicheiro oferece dinheiro para a campanha eleitoral do prefeito de Palmas, Raul Filho (PT). O prefeito deverá depor na CPI do Cachoeira na terça-feira. A Justiça Federal determinou a prisão de Aprígio depois de descobrir que pelo menos um dos e-mails com ameaças à procuradora foi enviado de um computador do apartamento dele.

Léa recebeu três e-mais com ameaças. Em um deles, o autor, que se autodenomina de "o injustiçado", diz que a procuradora tinha "destruído a vida" dele. A procuradora estaria sendo muito dura no caso. O segundo e-mail foi ainda mais agressivo. "Sua vadia, ainda vamos te pegar, cuidado, você e sua família correm perigo", advertia um certo Sílvio Caetano Rosa. A tentativa de desestabilização emocional da procuradora e de outros responsáveis pela investigação não parou por aí.

Na madrugada de 15 de junho, mais precisamente às 5h45m, uma mulher tentou entrar no apartamento em que a procuradora mora, em Goiânia. A mulher chegou ao prédio, disse que era a nova empregada e que queria subir. O porteiro estranhou a visita da desconhecida e disse que iria interfonar para a dona do apartamento antes de autorizar a entrada da visitante. Aí, a mulher disse que iria tomar um café na padaria e desapareceu.

Investigadores suspeitam que a visitante estava tentando checar as condições de invasão do apartamento da procuradora. A segunda hipótese é que a visita fazia parte do movimento para assustar a procuradora e, com isso, obstruir as investigações do processo contra Cachoeira e outros acusados de corrupção.

- Esse caso é muito grave. É inaceitável esse tipo de ameaça contra agentes do Estado que estão participando de uma investigação tão importante - afirmou o delegado Raul Alexandre, da PF.