Título: Para professor, pontos positivos se sobressaem
Autor: de Souza, André
Fonte: O Globo, 08/07/2012, O País, p. 11

O professor Tanguy Baghdadi, coordenador de um curso preparatório para o ingresso no Instituto Rio Branco, tem opinião mais favorável à política externa brasileira atual. Segundo ele, os resultados são mais positivos que negativos. Ele rechaça as acusações de que a política externa venha sendo atrapalhada por uma atuação ideológica:

- Não há política externa que não seja ideológica. Essa crítica infere que os governos anteriores, o governo Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, não tiveram viés ideológico. E é muito claro que tinha. Toda política externa tem um viés ideológico. Fernando Henrique, por exemplo, teve no momento em que implementou uma série de liberalizações na política brasileira, abertura econômica, abertura comercial, privatizações, aproximação de Estados centrais.

Baghdadi diz que o Brasil, ao atuar para suspender o Paraguai do Mercosul, quis demonstrar que o discurso de apoio à democracia não se limita às palavras. Seria uma forma de desincentivar qualquer tipo de movimento antidemocrático que pudesse surgir. Mas acha que o processo foi mais rápido do que deveria, o que pode trazer dor de cabeça:

- O que é mais controverso ali é você aproveitar que não tem mais o Paraguai dentro do Mercosul, porque ele está suspenso, e aprovar medidas que normalmente teriam que ter aprovação do Paraguai, como por exemplo a entrada da Venezuela.

Dornelles: "Entrada da Venezuela foi gol de mão"

No Parlamento, o vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado, senador Cristovam Buarque (PDT-DF), acredita que foi correto não reconhecer o novo presidente.

- Impeachment-relâmpago levanta o risco muito grande de repetir em todo país em que o presidente não tiver maioria no Congresso.

Já o senador Francisco Dornelles (PP-RJ), integrante da CRE, criticou a forma como o Brasil tratou a questão paraguaia:

- Por questões de natureza econômica, social, eu sou favorável à entrada (da Venezuela), independentemente de o Chávez (presidente venezuelano) ser um deslumbrado, um ditador em potencial. Mas a entrada da Venezuela foi um gol com a mão. O Tratado de Assunção diz que a entrada de novo membro será objeto de decisão unânime.

O deputado Dr. Rosinha (PT-PR), membro do Parlamento do Mercosul e da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara, elogia a atual política externa. Para ele, o Brasil melhorou na qualidade (com papel mais ativo no cenário internacional) e na quantidade (mais representações diplomáticas no mundo). Ele rechaçou a ideia de que a diplomacia sofreu um processo de ideologização:

- Em política internacional, o que predominam são os interesses nacionais. A ideologia pode ter peso, mas é secundária (A ndré de Souza).