Título: Brasil se prepara para salto no setor
Autor: Ordoñez, Ramona
Fonte: O Globo, 08/07/2012, Economia, p. 34

CAETITÉ (BA). Nunca os ventos sopraram tão forte no Brasil. No ano que vem o país se tornará o décimo do mundo em capacidade instalada, com 5.183 megawatts (MW) de geração eólica - hoje, está em 20 lugar. A projeção é do presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, ao lembrar dos projetos que entrarão em operação, como o da Renova Energia, a partir deste ano. E o Brasil já tem o menor preço de energia eólica do mundo, em torno de R$ 105 o megawatt-hora (MW/h).

- A geração eólica se tornou competitiva. É claro que vamos precisar das térmicas, porque pode ter um dia com menos vento. Mas diminui-se o acionamento das térmicas a gás - diz Tolmasquim.

Este ano a geração de energia eólica vai mais que dobrar em relação a 2011, passando de 1.471MW instalados para 3.135MW. Com os projetos em construção, a expectativa é chegar a 2016 com capacidade de geração eólica de 8.088MW, seis vezes mais que em 2011.

Segundo Tolmasquim, a energia eólica tornou-se mais competitiva com a vinda para o país de inúmeros fabricantes em busca de novos mercados, devido à crise na Europa. E, no Brasil, a energia eólica pode complementar a hídrica, já que a maior frequência dos ventos ocorre entre maio e novembro, o período seco dos rios, quando é preciso reduzir a geração nas hidrelétricas.

- Não tem como armazenar a energia eólica. Mas pode-se estocá-la nos reservatórios das hidrelétricas na forma de água. Na hora em que está ventando, para-se de gerar a hídrica e estoca-se a água no reservatório. Quando para de ventar, usa-se a água para gerar. O reservatório é a bateria da hídrica - afirma Tolmasquim.

O potencial eólico estimado no Brasil hoje é de 143 mil MW, mas Tolmasquim acredita que pode chegar a 300 mil MW. Isso porque esse potencial foi calculado considerando torres de 50m de altura, e hoje já existem torres de 80m a 100m, o que eleva a capacidade de geração.

- A térmica tem o custo do combustível e o impacto ambiental que a eólica não tem. A eólica é uma importante fonte de energia complementar - diz Tolmasquim. ( Ramona Ordoñez, enviada especial )