Título: França taxa ricos e grandes empresas em 7,2 bi
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Fonte: O Globo, 05/07/2012, Economia, p. 27

PARIS e MADRI. O governo de François Hollande anunciou ontem, como parte de seus esforços para equilibrar as contas da França, uma série de aumentos de impostos, no total de 7,2 bilhões, mirando nos ricos e nas grandes empresas. A emenda ao Orçamento de 2012 deve ser facilmente aprovada ainda este mês pelo Congresso, onde os socialistas são maioria.

Este ano será cobrado um tributo único sobre famílias com renda líquida anual superior a 1,3 milhão, eliminando um benefício concedido por Nicolas Sarkozy. Essa taxa deve arrecadar de 2,3 bilhões e afetar 300 mil pessoas, calcula o governo. Também haverá uma taxa extraordinária de 1,1 bilhão sobre grandes bancos e empresas de energia detentoras de ações de petróleo.

Hollande, que assumiu em maio, diz que os ricos devem pagar sua parcela enquanto a França luta para levar seu déficit público dos 5,2% do Produto Interno Bruto (PIB) registrados em 2011 para 4,5% este ano e 3% em 2013, apesar da estagnação da economia.

- Estamos em uma situação econômica extremamente difícil - afirmou o ministro de Finanças, Pierre Moscovici. - Em 2012 e 2013, os esforços serão especialmente grandes. As famílias mais ricas e as empresas terão de colaborar.

O governo prometeu que, depois desse esforço extraordinário, vai se concentrar na redução de gastos. A oposição conservadora criticou as medidas e disse que elas não afetarão apenas os ricos: a classe média será prejudicada. Já o Medef, que reúne as grandes empresas do país, criticou a nova taxa de 3% sobre a distribuição de dividendos, afirmando que esta vai reduzir as já estreitas margens de lucro.

A Espanha também deve anunciar em breve mais altas de impostos e corte de gastos. Segundo fontes, o pacote chegaria a 30 bilhões. As medidas incluiriam uma nova taxa sobre a energia, reforma na aposentadoria e cortes de salários e funcionários públicos. Alguns pontos podem ser anunciados na semana que vem.

A Corte Nacional de Madri abriu um processo o Bankia e seu ex-diretor-executivo Rodrigo Rato, que já comandou o Fundo Monetário Internacional (FMI). As acusações, que abrangem ainda outros 32 executivos do banco nacionalizado, incluem dolo, contabilidade falsa e administração fraudulenta.

A zona do euro pode entrar em recessão técnica, com retração no segundo e terceiro trimestres, tendo uma ligeira recuperação no fim do ano. Essa é a avaliação divulgada ontem por três institutos de pesquisa: o francês Insee, o alemão IFO e o italiano Istat. Eles estimam que o PIB da região caia 0,2% no segundo trimestre e 0,1% no terceiro, com leve recuperação de 0,1% nos últimos três meses.