Título: Para especialistas, caso é apenas uma exceção
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 26/06/2012, O País, p. 5

Famílias grandes são cada vez mais raras no país

BRASÍLIA . Especialistas ouvidos pelo GLOBO afirmam que casos como o da família que recebe um benefício de R$ 1.332 são exceção. Marcelo Neri, pesquisador do Centro de Políticas Sociais da FGV, diz que o governo acertou ao vincular o aumento do benefício ao combate à pobreza entre crianças:

- A taxa de pobreza das crianças era 7,8 vezes maior que a dos idosos. É um bom foco de ação. Agora há que se acompanhar os resultados para, eventualmente, fazer ajustes.

Para Rafael Osório, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o valor do teto pode parecer alto, mas é necessário para garantir que uma família numerosa não viva na miséria.

- Embora o valor absoluto pareça muito grande, o que a gente tem que pensar é que ela precisa desse dinheiro. São 19 pessoas. Se pagar menos do que isso, essa família não vai passar a linha de pobreza extrema. E são 19 pessoas vivendo com R$ 70 por mês - afirmou.

Ambos dizem que famílias tão grandes são exceção, e que o Brasil de hoje tem taxa de fecundidade próxima à necessária para recompor a população. Ou seja, as famílias brasileiras vêm tendo filhos apenas na quantidade necessária para que a população brasileira não diminua.

- Uma família de 19 pessoas é uma exceção. Mesmo nas famílias pobres no Brasil, no Nordeste como um todo, as famílias estão tendo dois filhos por mulher. Não acho que é um problema importante para o programa - disse Neri.

- Pela Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do IBGE) de 2009, famílias com quatro ou mais crianças, que são essas famílias muito grandes, eram só 3,5% das famílias em 2004. Em 2009, elas eram 2,3% do total. Cada vez mais as famílias tendem a ser menores - afirmou Rafael Osório.