Título: Podemos ter uma nova fase em 2013
Autor: Oswald, Vivian
Fonte: O Globo, 01/07/2012, Economia, p. 35

MIGUEL ROSSETTO

BRASÍLIA. Preparando-se para inaugurar a Usina Boa Vista, em 2015, a maior empresa do mundo para açúcar e etanol, em parceria com o grupo São Martinho, no município de Quirinópolis, em Goiás, a Petrobras Biocombustível demonstra confiança no futuro do etanol. No entanto, o presidente da companhia, Miguel Rossetto, afirmou ao GLOBO que o cenário atual é preocupante e que o governo deve acenar com uma agenda positiva para o setor ainda este ano, para iniciar uma nova fase já em 2013.

O GLOBO: Quais são as perspectivas para o etanol?

MIGUEL ROSSETTO: A mensagem da Petrobras é de crescimento. Vamos continuar com investimentos crescentes, aumentando a nossa produção, com novos projetos e aquisições.

Mas o cenário atual é muito ruim...

ROSSETTO: Os cenários, obviamente, são preocupantes. Em 2009, o etanol ocupou 54% em volume do combustível que abasteceu os veículos leves. Em 2012, o cenário é 35%. Existe uma demanda crescente por combustíveis para a oferta de automóveis e motos no Brasil, que cresce 6% ao ano. O etanol não consegue acompanhar. O Brasil tem um compromisso estratégico com a pauta de ampliar as energias renováveis na matriz energética.

O que é necessário para essa retomada?

ROSSETTO: Temos que ter um compromisso claro com o papel do etanol na matriz de combustíveis do Brasil. É preciso uma forte agenda de inovação tecnológica, ampliação da eficiência produtiva em todas as etapas da produção. Tem que ter aumento de produtividade de canavial, eficiência industrial, diminuição de perda de logística, avanço do etanol de segunda geração. É preciso recuperar o dinamismo tecnológico que o setor já teve e não dispõe. Isso significa redução de custos. Uma agenda dessas passa por questões tributárias, redução de custo de capital.

O Brasil está preparado para a expansão?

ROSSETTO: O Brasil se preparou para a expansão, com áreas de proteção ambiental e compromisso de qualidade das relações de trabalho. Tivemos problemas, sim, a partir de 2008, e problemas climáticos pesados, duas safras com problemas sérios, o que reduziu muito a oferta de cana. Teve o preço teto da gasolina e a redução da mistura do álcool na gasolina, que afeta o mercado também. É possível trabalhar no segundo semestre com medidas que inaugurem uma nova fase para 2013.