Título: Superávit de R$ 1,8 bi é o menor desde 2010
Autor: Valente, Gabriela; Bonfanti, Cristiane
Fonte: O Globo, 28/06/2012, Economia, p. 22

Crise afeta arrecadação e Tesouro precisa usar o lucro das estatais para assegurar resultado

BRASÍLIA . O governo precisou dos dividendos das estatais para assegurar um superávit primário de R$ 1,8 bilhão em maio. Sem isso, as contas governamentais ficariam no vermelho. O resultado é o mais baixo desde novembro de 2010, quando o superávit ficou em R$ 1,6 bilhão. O desempenho de maio representa uma queda de 84% em relação à economia que o governo fez em abril para pagar os juros da dívida.

Por ter apertado o cinto nos primeiros meses do ano, a meta para o segundo quadrimestre já foi cumprida em maio, o que pode abrir espaço para a equipe econômica lançar novas medidas de estímulo, disse o secretário do Tesouro, Arno Augustin.

De janeiro a maio, o governo poupou R$ 46,8 bilhões, o que significa que já cumpriu a meta até agosto. Segundo Augustin, isso comprova o compromisso com o cumprimento da meta total nesse ano.

- Havendo necessidade, há condições de manter o primário e fazer mais medidas de estímulo - afirmou.

Os números divulgados pelo Tesouro mostram que a receita não cresce como antes por causa da crise. Entraram nos cofres públicos R$ 442 bilhões nos cinco primeiro meses do ano: 11% a mais que no mesmo período de 2011. A taxa de expansão era de 17% de janeiro a maio de 2011.

Já o comportamento das despesas foi o oposto. Os gastos cresceram 13% neste ano contra 9% no ano passado.

Para o economista-chefe da Sulamérica Investimentos, Newton Rosa, isso mostra que a meta de poupança para o ano pode estar seriamente comprometida:

- Eu preferiria que o governo assumisse que fará um superávit primário menor do que chegar no fim do ano e abater o PAC do resultado.