Título: Desmembrar processos foi erro, argumentam acusados
Autor: Sassine, Vinicius
Fonte: O Globo, 15/07/2012, O País, p. 3

Advogados de José Dirceu, Delúbio Soares e Sílvio Pereira pedem junção ; Justiça Federal já foi a favor em um caso

BRASÍLIA. Três dos quatro acusados que integram o núcleo central do esquema do mensalão usaram o argumento, em suas defesas, de que os processos de improbidade administrativa não deveriam ter sido desmembrados. Os advogados dos petistas José Dirceu, Delúbio Soares e Sílvio Pereira pedem a junção das acusações, tese que já recebeu posição favorável da Justiça Federal em pelo menos um processo.

Já a defesa de José Genoino atribuiu a Delúbio a responsabilidade pela transação de dinheiro. "Os empréstimos do PT foram lícitos. Genoino assinou como avalista por ser o presidente do partido. Todo e qualquer assunto relativo às finanças era de competência exclusiva de Delúbio", argumentou, no processo, a defesa do ex-presidente da legenda. Os advogados de Delúbio, por sua vez, disseram que ele apenas cumpriu sua função de tesoureiro. "O PT obteve empréstimos junto ao BMG e ao Banco Rural para saldar dívidas pretéritas das agremiações da base aliada e para promover fundos para campanhas futuras."

Os advogados do operador do mensalão, Marcos Valério, sustentaram que ele não pode ser julgado pela Lei de Improbidade Administrativa. "A responsabilidade que se quer imputar deriva de ex-parlamentares", citaram no processo. A reportagem do GLOBO não obteve retorno dos advogados de Dirceu, Delúbio e Genoino. O defensor jurídico de Sílvio Pereira, Gustavo Badaró, reconheceu que as ações têm tramitação lenta.

- Os processos caíram em varas diferentes, e alegamos que deveria haver conexão. Num deles, o juiz reconheceu ser absurda a situação - afirmou Badaró.

Segundo o advogado, o próprio STF reconheceu que não houve participação de Sílvio Pereira no mensalão. Como as provas usadas para as ações de improbidade foram as mesmas do inquérito no STF, Badaró acredita que seu cliente poderá se livrar das acusações na esfera cível.

- A Justiça em primeiro grau é congestionada mesmo. Não há atraso (no andamento dos processos) - explicou o advogado José Rollemberg Leite Neto, que defende o deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP) nas ações de improbidade.

Segundo ele, o andamento dos processos não influenciará a elegibilidade do parlamentar, que disputa neste ano o cargo de prefeito de Osasco. Para o advogado, "não haverá condenação nem em primeira nem em segunda instância".