Título: PT indica Patrus como candidato em BH com aval de Dilma e Lula
Autor: Uribe , Gustavo
Fonte: O Globo, 04/07/2012, O País, p. 4

SÃO PAULO . Com a chancela da presidente Dilma Rousseff, a Executiva Nacional do PT indicou ontem o ex-ministro do Desenvolvimento Social Patrus Ananias como candidato à prefeitura de Belo Horizonte. A decisão, referendada também pelo ex-presidente Lula, é uma reação à iniciativa do atual prefeito, Márcio Lacerda, de não formar uma coligação proporcional com o PT na disputa eleitoral.

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, informou que Patrus Ananias aceita concorrer e criticou o prefeito do PSB que, segundo ele, "rasgou" um acordo escrito. O dirigente petista afirmou ainda que o PT não é um "partido subalterno" e que lançará candidatura própria independente do que o PSB decidir.

- O rompimento partiu do prefeito Márcio Lacerda. Um rompimento de um acordo escrito, do qual eu fui testemunha ocular e tenho a carta em mãos. Foi uma atitude, conforme ele mesmo disse à imprensa local, a pedido do senador Aécio Neves (PSDB) e do governador Antônio Anastasia (PSDB) - criticou o dirigente petista.

Com a definição de Patrus, o desafio agora da direção nacional do PT é convencer o atual vice-prefeito, Roberto Carvalho, a abrir mão da candidatura à sucessão da prefeitura, o que não deve ser problema. Ontem, Carvalho afirmou que faria "de tudo" pela unidade partidária, mas disse que somente amanhã anunciaria sua decisão.

- Eu e Patrus sempre estivemos juntos. E estaremos juntos nessa campanha, independentemente de eu ser candidato - afirmou ontem o vice-prefeito, que havia vencido uma convenção local do partido no sábado.

A confirmação pela Executiva Nacional do PT do nome de Patrus sepultou a possibilidade de a direção do PSB intervir na chapa de Lacerda, que busca a reeleição. Os petistas esperavam que o governador pernambucano Eduardo Campos, que preside o PSB, usasse a reunião da executiva dos socialistas marcada para hoje para obrigar o diretório municipal a aceitar uma coligação com o PT na chapa de vereadores.

Ontem, no entanto, Campos conversou longamente com o senador tucano Aécio Neves, principal aliado de Lacerda, e assegurou que não haveria intervenção. A gota d"água foi justamente o anúncio da candidatura de Patrus antes mesmo da reunião do PSB.

Apesar da crise em BH e outras capitais entre petistas e socialistas, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse que não vê "nenhuma intenção" de Eduardo Campos de precipitar em 2012 as eleições de 2014, quando, segundo ele, o PSB apoiará a reeleição de Dilma. Falcão minimizou também os rompimentos entre PSB e PT em Recife e Fortaleza. Segundo ele, diferentemente do que ocorreu em BH, nas capitais nordestinas havia apenas uma expectativa de "continuidade" de alianças, mas não um acordo firmado. ( Colaboraram Amanda Almeida e Paulo Celso Pereira )