Título: CCJ vota cassação de Demóstenes
Autor: Krakovics , Fernanda
Fonte: O Globo, 04/07/2012, O País, p. 5

BRASÍLIA . A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado vota hoje o pedido de cassação contra o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). A intenção é concluir a votação mesmo que algum senador peça vista do parecer do relator, Pedro Taques (PDT-MT). Se for necessário, a intenção do presidente da CCJ, senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), é conceder prazo máximo de duas horas para análise do relatório.

Taques deve afirmar, no parecer, que o processo por quebra de decoro está de acordo com a Constituição e com o regimento do Senado. A expectativa é que o relatório seja aprovado hoje na CCJ, e que o pedido de cassação, votado em plenário dia 11. No plenário, a votação é secreta.

Discursando de novo para um plenário vazio, Demóstenes disse que o processo de quebra de decoro contra ele é baseado em provas ilegais. Disse que é "bode expiatório", "a bola da vez". E alegou, de novo, que os grampos foram sem autorização do STF.

- Para me investigar ilegalmente se utilizou tecnologia de ponta. Para me punir estão sendo usados métodos medievais. Existir bode expiatório é indigno do Senado - disse Demóstenes, que pretende ir hoje à CCJ para se defender pessoalmente.

Ele sustenta que a Polícia Federal não podia ter grampeado suas conversas telefônicas sem autorização do STF, já que senadores têm direito a foro privilegiado. Afirmou que não teve direito à ampla defesa:

- Todo mundo sabe que um parlamentar federal só pode ser grampeado com autorização do STF. Não é detalhe técnico comum, é um absurdo político e jurídico. Hoje sou a bola da vez. Se a tramoia der certo comigo e me amputar o mandato, daqui a pouco pode se repetir com outra vítima, outro senador. É preocupante o precedente de tentar cassar um senador com provas ilegais.

Tanto o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) quanto o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, já rebateram esse argumento, alegando que o alvo da Operação Monte Carlo não era ele. O senador teria aparecido na investigação ao conversar reiteradamente com o bicheiro Carlinhos Cachoeira.

A Frente Parlamentar em Defesa do Voto Aberto entregaria ontem ao presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), dois abaixo-assinados, com mais de 30 mil assinaturas, cobrando a votação da PEC que extingue o voto secreto no Legislativo.