Título: China cresce 7,6% no segundo trimestre, o menor patamar em três anos
Autor:
Fonte: O Globo, 14/07/2012, Economia, p. 22
PEQUIM. O ritmo de crescimento da economia chinesa recuou pelo sexto trimestre seguido para o seu pior patamar desde o início da crise financeira global, colocando mais pressão sobre o premier Wen Jiabao para adotar medidas adicionais de estímulo. O Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos) chinês cresceu 7,6% no segundo trimestre, na comparação com o mesmo período do ano passado, anunciou ontem em Pequim o Escritório Nacional de Estatísticas.
Esse ritmo de expansão, o menor em três anos, compara-se a um avanço de 8,1% no primeiro trimestre e a uma expectativa de 7,7%, segundo economistas ouvidos pela agência Bloomberg News. A produção industrial chinesa cresceu em ritmo mais lento em junho, ao passo que a expansão das vendas no varejo também desacelerou.
O enfraquecimento das finanças chinesas, a segunda economia do mundo, mostra que é menos provável o prognóstico de que os países emergentes sirvam de motor para a recuperação global, como ocorreu em 2009. Embora o epicentro da crise esteja nas nações desenvolvidas, especialmente nas da zona do euro, o impacto nos emergentes parece ter se generalizado.
Dados dividem analistas sobre saúde da China
Sinais podem ser vistos, por exemplo, na contração inesperada da economia de Cingapura (recuou 1,1% no segundo trimestre contra um avanço de 9,4%, no primeiro) ou nos, até agora, inócuos pacotes de estímulos do governo brasileiro a sua indústria.
Os dados chineses revelaram um quadro misto, disseram analistas. Eles variaram de um aumento do investimento em ativos fixos, o que poderia sugerir sinais de uma estabilização da economia, a preocupantes sinais de que a produção de energia elétrica em junho não cresceu em comparação com o mesmo mês de 2011.
- O fato de os dados mostrarem sinais persistentes de debilidade, em vez de um mergulho profundo, significa que os gestores da política econômica provavelmente continuarão a fazer gradativas acomodações, mas sem adotar uma política de estímulo fiscal agressiva a curto prazo - estimou Ramin Toloui, cogestor de portfólios de mercados emergentes do Pacific Investment Management, em Cingapura.
As exportações chinesas cresceram 9,2% no primeiro semestre, ante 24% nos primeiros seis meses de 2011. As vendas chinesas para o exterior foram especialmente afetadas pelas duras medidas de austeridade adotadas pelos governos da zona do euro. Os analistas, porém, estão mais preocupados em ver no horizonte sinais de recuperação ou descobrir qual será o ponto mais baixo da economia chinesa no atual ciclo.
- No momento, meu foco não é quanto foi o recuo no crescimento da economia no segundo trimestre, mas por quanto tempo isso durará como um todo - disse o economista do Credit Suisse Dong Tao. - Minha opinião é que a economia chinesa ficará em uma trajetória no formato de "L" por um tempo.