Título: Títulos contra a crise
Autor: Bancillon, Deco
Fonte: Correio Braziliense, 24/09/2009, Economia, p. 28

Emissões atingem US$ 1,5 trilhão, maior nível em 10 anos

A medida em que vê suas receitas diminuírem, conforme a arrecadação federal despenca, o governo vem aumentando sua disposição em emitir títulos. Com isso, em agosto, a dívida pública federal alcançou o maior patamar em 10 anos, totalizando R$ 1,509 trilhão ¿ alta de 3,63% ante julho. O valor é 2,9 vezes maior que a soma das riquezas (Produto Interno Bruto) da África do Sul, 2,2 vezes maior que o PIB da Arábia Saudita e 52,7 vezes maior que o PIB do Paraguai, de acordo com dados do Fundo Monetário Internacional (FMI). A dívida pública federal cresce devido às emissões do governo para recompor o caixa com a queda da arrecadação de impostos, devido aos programas de política anticíclica para desoneração dos setores produtivos a fim de estimular o consumo.

Em agosto, as emissões de papéis (letras do Tesouro Nacional) para financiar custos com a máquina pública somaram R$ 66,06 bilhões, sendo que metade desse valor (R$ 33 bilhões) se deveu apenas à emissão de títulos ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O dinheiro corresponde a última parcela do empréstimo feito pelo Tesouro, de um total de R$ 100 bilhões, ao banco, que serviu para dar liquidez ao mercado e reduzir a escassez de crédito na economia. Com a emissão, o estoque da dívida pública mobiliária interna (papéis ofertados no mercado brasileiro) cresceu 3,79% em agosto, na comparação com julho. Em valor, o total devido pelo governo apenas no mercado interno saltou de R$ 1,349 trilhão, em julho, para R$ 1,4 trilhão em agosto ¿ alta de 3,79%.

Moody¿s

A elevação do rating do Brasil pela agência Moody¿s reforçou a percepção de solidez da economia do país, que ¿certamente¿ voltará a emitir títulos no mercado externo este ano, afirmou ontem secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin. A Moody¿s concedeu o grau de investimento ao Brasil na terça-feira, mais de um ano depois de Standard & Poor¿s e Fitch terem feito o mesmo. ¿Talvez tenha sido até melhor o Brasil ter ganho agora do que em outro momento, porque é uma avaliação recente¿, afirmou Augustin em entrevista à Reuters.