Título: Alguns que escaparam da cassacao
Autor:
Fonte: O Globo, 12/07/2012, O País, p. 9

Desde que foi criado, em 1993, o Senado cassou o mandato de apenas um senador. Luiz Estevão (PMDB-DF), cassado em 2000, foi acusado de desviar mais de R$ 160 milhões das obras do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo. No mesmo ano, Romero Jucá (PSDB-RR) foi acusado de desviar recursos da Eletrobras de Roraima, mas o relator do caso no Conselho de Ética disse que, por ser anônima, a denúncia não seria acatada. Seis anos depois, Jucá foi novamente acusado, porque seria dono de uma rede de TV em seu estado. O relator, senador João Alberto de Souza (PMDB-MA), disse não haver provas.

O Conselho de Ética arquivou, também em 2000, denúncias contra o então presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhaes. Ele havia usado papel timbrado da Casa para ofender um jornalista. Em outro caso, ele foi acusado de tentar beneficiar a construtora OAS. No mesmo ano, ACM e Jader Barbalho (PMDB-PA) foram censurados pelo Conselho depois de terem brigado em plenário.

Meses depois, por conta da violação do painel do Senado, durante a votação que fez Luiz Estevão perder o mandato, ACM e José Roberto Arruda, na época do PSDB, renunciaram para evitar a cassação. José Eduardo Dutra (PT) não foi punido por falta de provas.

ACM voltou ao Senado em 2002 e, um ano depois, enfrentou de novo o Conselho de Ética, por conta de denúncia de escutas ilegais na Bahia. Foi aplicada uma advertência.

Jader Barbalho, que na época presidia o Senado, renunciou em outubro de 2001. Era acusado de desviar recursos do Banco do Estado do Pará, de fraudes na Sudam e de venda irregular de títulos da dívida agrária. Ainda em 2000, os senadores tucanos Teotonio Vilela e Geraldo Lessa foram acusados por representação popular de uso indevido dos recursos da Fundação Teotônio Vilela. O caso foi arquivado.

Em 2007, Renan Calheiros, que renunciou à presidência da Casa, escapou duas vezes da cassação. Na primeira, Renan era acusado de usar recursos de uma construtora para pagar pensão para a filha que teve com uma jornalista. Na segunda, acusado de usar laranjas para comprar um grupo de comunicação em Alagoas.

Também em 2007, o Conselho decidiu processar o senador Joaquim Roriz (PMDB-DF). Ele teria dividido R$ 2 milhões com o ex-presidente do Banco de Brasília, preso pela PF. Roriz renunciou para evitar a cassação.

Em 2008, o Conselho inocentou o senador Geraldo Mesquita (PMDB-AC) da acusação de que retinha 40% do salário dos funcionários de seu gabinete. No ano seguinte, rejeitou 11 pedidos de investigação contra José Sarney (PMDB-AP), acusado de envolvimento no escândalo dos atos secretos.