Título: Fiéis de todos os credos dão adeus a dom Eugenio
Autor: Peixoto, Domingos
Fonte: O Globo, 12/07/2012, Rio, p. 17

Representantes de diversas religiões participam da missa de corpo presente que antecedeu sepultamento de cardeal

O CAIXÃO com o corpo de dom Eugenio é levado até a cripta da catedral

Domingos Peixoto

Amigo de dom Eugenio Sales por mais de 20 anos e presidente da Comissão Especial Governamental da Jornada Mundial da Juventude 2013, Luiz Carlos Puglialli chorava sozinho, olhando de longe para o chão da cripta da Catedral Metropolitana, na noite de ontem. Um dos responsáveis pelas cerimônias que precederam o sepultamento do cardeal, que ocorreu pouco depois das 18h, ele fez questão de que tudo saísse perfeito. Representantes de diversas religiões acompanharam a última missa de corpo presente.

- Dom Eugenio era o homem dos ritos. Sua dedicação era tanta que, quando as pessoas falavam que uma cerimônia seria perfeita, diziam que era feita a seu modo. E assim foi a sua despedida - comentou o amigo.

Como aconteceu desde a manhã de anteontem, a Catedral Metropolitana ficou lotada de fiéis que queriam se despedir do arcebispo emérito do Rio. Às 15h, começou a ser celebrada a última missa. O arcebispo do Rio, dom Orani Tempesta, lembrou as palavras do Papa Bento XVI, que definiu dom Eugenio como um "intrépido e generoso pastor". Em trechos de seu testamento, lidos por dom Orani, o cardeal dizia que não levava mágoas de ninguém e manifestou gratidão à família e aos membros da Arquidiocese.

O governador Sérgio Cabral esteve na cerimônia, assim como o ministro da Previdência, Garibaldi Alves Filho, que representou a presidente Dilma Rousseff. O vice-presidente das Organizações Globo José Roberto Marinho também acompanhou a missa.

Um fato que chamou a atenção foi a presença, na primeira fileira, ao lado do altar onde estava o caixão de dom Eugenio durante a missa, de líderes das comunidades judaica, ortodoxa, anglicana, muçulmana, luterana e do candomblé.

- O convite da Arquidiocese representa um tempo de respeito entre as religiões - destacou o babalaô Ivanir dos Santos, da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa.

Um cortejo em torno da catedral acompanhou o caixão até a cripta. O cardeal foi o segundo a ser sepultado no local. O primeiro foi dom Jaime Câmara.