Título: Consumidor segue cauteloso
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Fonte: Correio Braziliense, 24/09/2009, Economia, p. 31

FGV mostra que brasileiro de baixa renda manteve interrupção da trajetória de alta da confiança na economia

A alta dos preços dos alimentos e a maior dificuldade de ingresso no mercado de trabalho deixaram o consumidor de baixa renda mais cauteloso com os rumos da economia interna e impediram a continuidade da trajetória de expansão da confiança do brasileiro, segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV). A confiança do consumidor brasileiro ficou estável em setembro ante o mês anterior, mantendo-se em 111 pontos, com ajuste sazonal, segundo divulgou ontem a entidade. O índice havia crescido por cinco meses antes de cair em agosto para o atual patamar. ¿A estabilização ainda ocorre acima da média histórica (107,1 pontos) e do patamar pré-crise¿, disse Aloísio Campelo, responsável pela pesquisa.

Segundo Campelo, há nuances entre as faixas de renda. ¿Os mais pobres mostram uma preocupação exacerbada com a alta de alimentos e com o mercado de trabalho. A classe mais baixa reduziu a confiança nesses dois meses. Nesse período, a bolsa (Bovespa) melhorou e animou os mais ricos¿, analisou. Pela metodologia da pesquisa, as classes mais baixas têm rendimento mensal de até 2.100 reais. Segundo a FGV, a inflação de alimentos em 12 meses até junho oscilava na faixa de 3,3%, mas em agosto chegou a 5,7% em razão da pressão dos produtos in natura. Na sondagem, a previsão dos consumidores para a inflação este ano subiu de 6,5% em agosto para 6,7% em setembro. Nas famílias mais pobres, a previsão passou de 6,5% para 7,3%.

O levantamento acrescentou que, em setembro, mais consumidores avaliaram que está mais difícil conseguir emprego no país no momento e as previsões para os próximos seis meses também são mais pessimistas. ¿A preocupação com o emprego tem a ver com a perspectiva de recuperação da economia brasileira¿, acrescentou Campelo.

Inflação

A FGV divulgou também ontem que a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) desacelerou mais que o esperado, devido a um novo arrefecimento nos custos dos alimentos. O indicador subiu 0,33% na terceira prévia de setembro, ante elevação de 0,51% na segunda medição. As principais quedas individuais de preços vieram de leite longa vida, melancia, frango inteiro, melão e banana prata. O IPC-S da terceira prévia mediu os preços de 23 de agosto a 22 de setembro.

Os mais pobres mostram uma preocupação exacerbada com a alta de alimentos e com o mercado de trabalho¿

Aloísio Campelo, coordenador da FGV