Título: FH critica reação tardia e ingerência do Mercosul na crise
Autor: Barbosa, Flávia
Fonte: O Globo, 11/07/2012, O Mundo, p. 25
WASHINGTON. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem que o Mercosul deveria ter agido preventivamente para construir um espaço político e não a posteriori, suspendendo o Paraguai do bloco após o impeachment de Fernando Lugo. Segundo ele, que se encontrou com o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, na véspera, "quem tem que discutir (se houve desrespeito ao direito de defesa) são as Cortes paraguaias".
Como faltavam apenas dez meses para as eleições, Brasil, Argentina e Uruguai, afirmou o ex-presidente, deveriam ter mandado uma missão conciliadora entre Lugo e o Congresso, "em termos cívicos, sem imposição".
- Não sou advogado. Mas, pelo que li, não houve arranhão na Constituição paraguaia. Houve um processo político, que causou perplexidade pela velocidade da aplicação da medida. A Constituição não define nada, garante ampla liberdade de defesa (...) O limite de você manter a regra do jogo e a ingerência é delicado - afirmou FH, em Washington para receber o Prêmio Kluge da Biblioteca do Congresso, de contribuição às Ciências Sociais.
Ele traçou um paralelo com a renúncia de Jânio Quadros, em 1961. A carta escrita pelo ex-presidente, disse FH, tinha como objetivo aparente iniciar um longo processo político. No entanto, salientou, o Congresso, em horas, tornou o desejo realidade -"sem arranhão na Constituição, apenas foi rápido".
FH criticou a entrada da Venezuela no Mercosul imediatamente após a suspensão do Paraguai. O ex-presidente disse que a presença venezuelana é do interesse do Brasil, mas foi açodada, porque a Venezuela não cumpriu integralmente as regras da união aduaneira. (F. B.)