Título: Má qualidade dos serviços já irritava Dilma
Autor: Rosa, Bruno
Fonte: O Globo, 20/07/2012, Economia, p. 19

Presidente não influiu na punição das operadoras de celular

BRASÍLIA. A má qualidade dos serviços das operadoras de telefonia móvel e a falta de investimentos das empresas preocupa e irrita a presidente Dilma há mais de um ano. Mas, segundo assessores do Palácio do Planalto, a decisão de punir as empresas não teve influência direta da presidente. Ela foi informada da decisão da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) pelo ministro Paulo Bernardo (Comunicações), que está no exterior.

A decisão foi motivada pela ação do Procon de Porto Alegre, que proibiu na última segunda-feira quatro empresas de comercializar novas linhas de celular e planos de internet na cidade. O governo resolveu agir prevendo uma série de ações semelhantes de Procons em todo o país, que o deixaria a reboque em um problema que já era latente.

No ano passado, durante a discussão do PLC 116/2010, projeto de lei que abriu o mercado de TV por assinatura para as teles, Dilma já cobrava investimentos das operadoras e demonstrava indignação com a má qualidade dos serviços. Ela sancionou o projeto em setembro de 2011.

Mesmo com a falta de contrapartida das empresas, o conselho diretor da Anatel aprovou em abril o edital de licitação da 4G (telefonia móvel de acesso a voz, vídeo e conteúdo multimídia em ultra velocidade) e para a banda larga rural (450 megahertz (MHz).

Em fevereiro, a base aliada no Senado ensaiou criar uma CPI sobre as empresas de telefonia móvel. O movimento foi desarmado pelo Palácio do Planalto, que temia "efeitos colaterais" da comissão parlamentar de inquérito, no caso, que as operadoras fossem chantageadas no Congresso para não serem investigadas.