Título: Família de agente morto crê em execução
Autor: Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 20/07/2012, O País, p. 4

Corpo do policial federal Wilton Tapajós Macedo foi enterrado ontem em Brasília em cemitério onde ele tinha sido baleado

BRASÍLIA . A família do agente da Polícia Federal Wilton Tapajós Macedo, assassinado na última terça-feira, acredita que a morte do policial foi uma execução por queima de arquivo. O corpo de Wilton foi sepultado na manhã de ontem em Brasília, no cemitério Campo da Esperança, local em que ele havia sido baleado quando visitava o túmulo do pai.

Durante o sepultamento, carros da Polícia Federal acionaram sirenes, e os agentes compareceram com suas roupas da corporação. Cerca de 500 pessoas acompanharam o enterro.

Irmão não acredita

em latrocínio

Um dos irmãos da vítima, Jairo Tapajós, no momento do sepultamento, descartou a possibilidade de latrocínio (roubo seguido de morte):

- Espero que o caso seja descoberto e que colegas dele também não estejam correndo risco. Quem o matou sabia atirar muito bem. Tinha treinamento de tiro. Foi queima de arquivo. É o que acha a família - afirmou Jairo.

O delegado da PF Mateus Rodrigues, chefe de Wilton e que também compareceu ao enterro, descreveu o agente como o seu melhor policial de rua na área de inteligência. Rodrigues afirmou que as forças policiais estão fazendo todo o esforço para localizar o assassino:

- Estamos no encalço em várias frentes. Ainda não sabemos a motivação. Não vamos dormir enquanto não conseguirmos pegar essas pessoas. O Wilton era um abnegado e sempre empenhadíssimo nas suas atividades - disse Rodrigues, que, em seguida, recebeu um telefonema com a informação de que poderia ter sido localizado o carro que pertencia ao filho de Wilton, levado após o assassinato do policial.

No entanto, depois da entrevista, Rodrigues negou que o carro tinha sido localizado. O delegado pediu a divulgação da placa do Gol branco JIN 2896.

O delegado pediu a quem tiver alguma informação que ligue para o telefone 181. A identidade do informante será preservada, afirmou.

O secretário de Segurança do Distrito Federal, Sandro Avelar, afirmou que as forças policiais estão trabalhando também no entorno do DF. Avelar mostrou otimismo em relação à localização e à prisão dos assassinos.

- Eles estão tentando se esconder, mas não vão conseguir - disse Avelar.

Outro agente federal encontrado morto

Havia expectativa da presença, no enterro, do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, mas ele não compareceu.

Ontem, outro policial federal foi encontrado morto em Brasília. O corpo de Fernando Lima foi achado na casa onde morava, num condomínio. Ele trabalhava no plantão da Superintendência da Polícia Federal e não tinha relação com as investigações realizadas na Operação Monte Carlo.

Ontem à noite, a perícia ainda estava na residência onde o policial morreu. Segundo a Polícia Civil, tudo leva a crer que Lima se matou. Segundo o jornal "Correio Braziliense", familiares teriam relatado que ele tomava remédios controlados e já havia ameaçado se matar.