Título: UE aprova 1,65 bi para maior banco português
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Fonte: O Globo, 19/07/2012, Economia, p. 22

Caixa Geral de Depósitos sofrerá reestruturação por parte do governo. FMI defende mais poder para o Banco Central Europeu

BRUXELAS e MADRI . A Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia (UE), autorizou ontem uma injeção de 1,65 bilhão no banco português Caixa Geral de Depósitos (CGD), após Lisboa se comprometer a reestruturar o maior banco do país. A medida, informou o órgão, visa a dar estabilidade financeira ao CGD.

A ação está em linha com o que defendeu ontem o Fundo Monetário Internacional (FMI) em seu relatório sobre o bloco europeu. Para o órgão, o Banco Central Europeu (BCE) pode ter um papel maior na luta contra a crise da dívida soberana da zona do euro por meio de mais cortes nas taxas de juros, compras de títulos e provisão de mais liquidez.

O FMI disse ainda que o BCE, legalmente proibido de financiar governos, poderia ser um credor de última instância para ajudar a quebrar o círculo vicioso de Estados endividados tomando empréstimos de bancos, que, por sua vez, acabam vulneráveis por causa dos riscos associados aos títulos soberanos.

Apesar do esforço dos europeus, o economista Nouriel Roubini, conhecido como Dr. Apocalipse por antecipar a crise financeira de 2008, disse ontem em entrevista à TV Reuters que mantém suas previsões negativas para o ano que vem. Segundo Roubini, haverá uma "tempestade perfeita" em nível global: as economias de todo o mundo vão desacelerar, ou até frear por completo, o risco geopolítico vai aumentar, e a crise da zona do euro vai se agravar.

- O próximo ano é o momento em que o problema se torna grande demais para continuar sendo postergado - afirmou Roubini.

Em Madri, funcionários públicos protestaram nas ruas, pelo sexto dia consecutivo, contra os cortes do governo. O ministro da Fazenda, Cristóbal Montoro, afirmou ontem que se a arrecadação não aumentar não haverá dinheiro para pagar a folha.