Título: Merkel diz não poder garantir futuro do euro
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Fonte: O Globo, 19/07/2012, Economia, p. 22

Chanceler cobra esforços dos demais países da zona do euro, na véspera de votação de ajuda aos bancos espanhóis

BERLIM. A chanceler alemã, Angela Merkel, fez ontem um apelo para que os demais líderes europeus se esforcem para salvar o euro, em vez de apenas esperar pela ajuda da Alemanha. Em entrevista publicada no site de seu partido, a União Democrata Cristã (CDU, na sigla em alemão), ela se declarou otimista com o futuro do euro, mas ressaltou que não pode garantir que tudo dê certo.

"Ainda não demos forma ao projeto europeu de maneira a estarmos certos de que tudo vai funcionar, de que tudo vai dar certo. Isso significa que temos de continuar trabalhando. Ainda assim, estou otimista de que seremos bem-sucedidos", afirmou a chanceler.

Merkel indicou que a Alemanha não vai assumir custos adicionais para salvar o euro na véspera da votação, no Parlamento alemão, do socorro de 100 bilhões aos bancos espanhóis. Como coalizão do governo tem maioria, a chanceler se disse otimista de que o pacote será aprovado. Com relação à constitucionalidade do fundo permanente de resgate da União Europeia (UE), a Justiça alemã só vai se pronunciar no dia 12 de setembro.

A chanceler disse ainda que a Alemanha "só vai bem se nossos vizinhos europeus forem bem". "Por isso estamos trabalhando tanto para superar as crises da dívida e da competitividade", afirmou na entrevista. Mas ela deixou claro que os demais países da zona do euro não podem esperar solidariedade se não fizerem seus próprios esforços para salvar a moeda única.

Merkel lembrou ainda o fato de ter crescido na antiga Alemanha Oriental e de como o colapso do comunismo construiu sua visão da Europa e do mundo. "Sou inspirada pela experiência da liberdade", afirmou. "É ótimo que tenhamos superado a Guerra Fria e que não tenhamos hoje de temer uma guerra na Europa".

O ministro de Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, por sua vez, foi ao Parlamento explicar o pacote de socorro aos bancos espanhóis. Ele ressaltou que o Estado espanhol vai garantir os recursos, responsabilizando-se se algum banco não honrar o empréstimo.

Schäuble, mais uma vez, descartou a hipótese de a própria Espanha precisar de socorro, a exemplo de Irlanda, Portugal e Grécia:

- Basta uma ajuda concentrada no setor bancário.

* Com agências internacionais