Título: Pereira tem perfil descentralizador
Autor: Bonfanti, Cristiane
Fonte: O Globo, 18/07/2012, Economia, p. 23

Advogado vê quebra de "praxe" na CVM

Indicado para assumir a presidência da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o economista e engenheiro Leonardo Gomes Pereira, de 54 anos, é considerado um executivo de perfil descentralizador pelos colegas de trabalho. Funcionários mais próximos também atribuem a ele uma característica de cordialidade.

- Ele dá autonomia para a equipe, mas cobra na hora que tem que cobrar de um jeito educado - diz um funcionário da Gol, onde Pereira trabalha desde 2009 e é conhecido como Léo pelos mais próximos. - Ele é gente boa e tem trato fácil, fala com todos.

Bacharel pela UFRJ e Candido Mendes, com MBA no exterior (Inglaterra), Pereira tinha como função, na área de finanças da Gol, se relacionar com investidores. Por isso, conheceria de perto os agentes do mercado financeiro. Mas entre os sócios de corretoras e gestoras, poucos ouviram falar dele.

Segundo um advogado especializado em mercado de capitais, a indicação quebra uma praxe das últimas décadas na autarquia.

- A praxe tem sido a Fazenda indicar alguém que está atuando no mercado, como um advogado ou intermediários (executivos da Bolsa), ou um diretor da própria CVM - explicou. - Ele tem vivência do outro lado do balcão, do lado empresarial.

Dos 17 presidentes que a CVM já teve desde 1977, dez eram advogados ligados ao setor financeiro. Somente dois, sem contar com o próprio Pereira, tinham formação de engenheiro: José Luiz Osório e Thomás Tosta de Sá, mas ambos com vasta experiência no mercado.

Se seu nome for aprovado no Congresso, Pereira não será, no entanto, o primeiro presidente da CVM com origem no meio empresarial. Com perfil semelhante assumiram o posto Roberto Faldini (em 1992, no governo Collor) e Victorio Cabral (1986, no governo Sarney).

Segundo o diretor de uma corretora, a indicação seria positiva porque Pereira não demonstra um perfil de "carreirista público". (Colaborou Bruno Villas Bôas)