Título: Apesar de novas denúncias, PSDB mantém defesa de Marconi Perillo
Autor: Krakovics, Fernanda; Lima, Maria
Fonte: O Globo, 18/07/2012, O País, p. 10

Em Brasília, comando tucano ataca PT e quer que CPI investigue Delta no Rio

BRASÍLIA. Mesmo com o acúmulo de acusações contra o governador Marconi Perillo (GO) e o crescente desconforto interno no PSDB, a direção nacional do partido informou ontem que tem "total confiança" nele e acusou o PT de usar a CPI do Cachoeira para tentar desgastar a oposição em ano eleitoral. Os tucanos também afirmaram que os petistas querem criar uma "cortina de fumaça" às vésperas do julgamento do mensalão. Usando o ataque como estratégia de defesa, a cúpula do PSDB mirou também no governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ) e cobrou a investigação dos contratos do governo do estado com a construtora Delta, que teria irrigado financeiramente o grupo liderado pelo contraventor.

- O PSDB tem total confiança no governador Marconi Perillo. Não venham para cima dele com denúncias fraudulentas - disse o presidente do partido, deputado Sérgio Guerra (PE), em coletiva à imprensa, cercado pelos líderes do partido na Câmara e no Senado, além de nove deputados federais. - Se o assunto é a Delta, a investigação tem que ser feita no Rio, que é o centro das operações da construtora.

Pagamentos coincidem com campanha de Cabral

O líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), afirmou que de janeiro de 2009 a janeiro deste ano, o governo do Rio repassou R$ 537 milhões para a Delta. Desse montante, segundo o tucano, R$ 180 milhões foram pagos no segundo semestre de 2010, coincidindo com a campanha de reeleição de Cabral.

- O governo do Rio teve os cofres públicos abertos para a Delta, especialmente em 2010. Um terço dos repasses foi feito no período eleitoral - suspeitou Dias.

A reação dos tucanos ocorre em meio ao debate sobre a conveniência de reconvocar Perillo na CPI do Cachoeira, depois que reportagem da revista "Época" revelou, no último final de semana, relatório da Polícia Federal segundo o qual o governador teria condicionado a liberação de pagamentos à Delta ao recebimento de R$ 500 mil. A propina estaria embutida na rumorosa venda de uma casa de Perillo para o bicheiro Carlinhos Cachoeira. O governador nega o pagamento de propina ou qualquer irregularidade na negociação da casa, em Goiânia.

- Não tem investigação nessa CPI. É uma operação política para criar cortina de fumaça para evitar o óbvio: 40 petistas estarão sendo julgados em breve no Supremo Tribunal Federal por formação de quadrilha. Eles estão ameaçados de cadeia. O resto é conversa - disse Guerra, referindo-se ao julgamento do mensalão.

Os petistas reagiram imediatamente. O vice-presidente da CPI do Cachoeira, deputado Paulo Teixeira (SP), reafirmou que há provas suficientes para pedir o indiciamento de Perillo na Comissão Parlamentar de Inquérito. E outros parlamentares engrossaram o coro.

- Não fomos nós que escolhemos que o estouro do caso Cachoeira coincidisse com o julgamento do mensalão - disse o líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA). - Isso é uma ilação barata!

Indagado sobre o que o PSDB fará em relação ao deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), também acusado de envolvimento com Cachoeira, Guerra disse que o caso será analisado pela Comissão de Ética do PSDB, mas só depois da investigação do Conselho de Ética da Câmara:

- Nós não somos bons de investigação.