Título: Indústria evita alta do desemprego
Autor: Bancillon, Deco
Fonte: Correio Braziliense, 25/09/2009, Economia, p. 19

IBGE mostra estabilidade na taxa que compara agosto com julho. Empresas esboçam recuperação e abrem vagas

O mercado de trabalho, com algum atraso, acompanha os números que mostram a melhora da economia. Em agosto, o desemprego entre formais e informais atingiu 8,1% da população economicamente ativa, índice estável em relação a julho (8%), segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A manutenção do nível de desemprego deveu-se, especialmente, ao retorno das contratações na indústria, que mostrou, pela primeira vez no ano, saldo positivo entre admissões e demissões.

Conforme os dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE, que avalia seis regiões metropolitanas brasileiras, o setor fabril voltou a contratar, depois de demitir por meses a fio. O levantamento mostra que o emprego na indústria, em agosto, registrou o maior patamar desde 2004. No oitavo mês do ano, a geração de empregos industriais totalizou 135 mil contratações, alta de 3,9% ante julho. Com isso, a queda do emprego no setor, que já chegou a bater 6% neste ano, caiu pela metade.

¿Isso é sinal de que a indústria está se recuperando e que essa recuperação veio exatamente dos lugares mais sensíveis ao emprego, como São Paulo e Rio de Janeiro¿, avaliou o gerente da PME, Cimar Azeredo. As duas capitais tiveram as maiores altas do emprego na indústria, e registraram recorde na série histórica, iniciada em março de 2002. São Paulo teve o melhor desempenho, com alta de 5,8% ante julho, e respondeu sozinha pela contratação de 106 mil trabalhadores, o equivalente a 78,5% do total de empregos na indústria. ¿De certa forma, os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregos e Desempregos, do Ministério do Trabalho) já haviam sinalizado para esse ponto. Essa recuperação na indústria mostra a retomada do emprego e a melhora de todo o mercado de trabalho¿, analisa o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa.

Além da indústria, houve números positivos também nos segmentos de intermediação financeira (2,4%) e administração pública (1,6%), na comparação com julho. Houve queda de 2% no comércio e de 7,6% em outras atividades. Para Luís Otávio de Souza Leal, economista-chefe do Banco ABC Brasil, ¿isso mostra que o mercado de trabalho está se recuperando, mas não da forma explosiva como foi nas primeiras divulgações de alta, quando os números surpreenderam a todos¿.

Em agosto, o percentual de pessoas ocupadas (com ou sem carteira assinada) expandiu-se em 0,5% contra julho, na série sem ajuste sazonal (característica de um período). Ante o sexto mês do ano passado, quando ainda nem havia sinal de crise, o emprego avançou 0,9%.