Título: Ex-deputado aposta na tese do caixa dois
Autor: Castro, Juliana
Fonte: O Globo, 27/07/2012, O País, p. 4

Réu do mensalão, Romeu Queiroz diz ser inocente

SÃO PAULO . Afastado da política, o ex-deputado e réu do mensalão Romeu Queiroz aposta na tese do caixa dois para sair inocentado pelo Supremo Tribunal Federal. Ele afirmou que recebeu R$ 300 mil da agência de publicidade de Marcos Valério, a SMPB, a mando do presidente do PTB, Roberto Jefferson. Acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, sua estratégia é afirmar que recebeu dinheiro por duas vezes, da SMPB e da Usiminas (R$ 102 mil), a mando do partido e para pagamento de dívidas de campanha e que não houve benefício pessoal ou lavagem de dinheiro.

- Um veio da Usiminas e o outro dinheiro veio da SMPB para o Roberto Jefferson, lá do PTB. Ele pode não ser o melhor dinheiro, mas não é também sem origem. É SMPB, é PT, OK? O máximo que entendo que isso pode ser caracterizado é que pode ser caixa dois, esse da Usiminas, porque não foi um dinheiro direto - disse o ex-deputado, hoje empresário do setor de automóveis e de agronegócio, em entrevista ao GLOBO.

Queiroz insiste na tese de caixa dois, crime que prescreve em seis meses e pelo qual ninguém foi acusado:

- Acho que os políticos, sem exceção, são obrigados a fazer campanha de alguma forma usando de caixa dois. Caixa dois é assim que funciona. Minha defesa é que não recebi dinheiro. Eu fui encarregado de mandar um funcionário do partido pegar o dinheiro e levar a Brasília. E, da Usiminas, eu não pus no bolso. O dinheiro foi recebido e repassado a candidatos (a prefeito, na eleição de 2004) por TED (transação bancária).

Queiroz disse que não concorrerá mais a cargo político. Ele afirma ter deixado o PTB tão logo estouraram os escândalos da mensalão. Na última eleição, no PSB, ele foi bem votado para deputado estadual em Minas, mas não levou porque era o 1 suplente na lista do partido, mas não na lista da coligação.

- Não vou disputar mais. Acho que o político vive muito de credibilidade e uma campanha massificada como houve na imprensa inviabiliza a candidatura - queixou-se.

Queiroz vive entre Belo Horizonte e Patrocínio, no interior do estado. É dono de empresas de ônibus, de concessionárias e empresas de agronegócios. Nega ter contratos com o governo, mas admite participar de licitações de prefeituras para venda de carros. ( Tatiana Farah)