Título: Produção de remédios pode ser afetada
Autor: Diniz, Débora
Fonte: O Globo, 27/07/2012, Economia, p. 23

Greve na Anvisa gera problemas nos portos. Em Santos, prejuízos chegam a US$ 5 milhões

SÃO PAULO, VITÓRIA e BRASÍLIA . A paralisação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está gerando prejuízos crescentes para os portos do país e pode prejudicar a produção de medicamentos. Para as empresas que operam no Porto de Santos (SP), já houve um prejuízo de pelo menos US$ 5 milhões de acordo com o Sindicato da Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo (Sindamar). A entidade calcula o valor com base no atraso para a concessão da livre passagem, documento fornecido pela Anvisa para a liberação da entrada do navio no porto. O documento, que era concedido antes mesmo de o navio chegar à costa, agora leva horas para ser emitido.

O Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos do Estado de São Paulo (Sindusfarma) diz que recorrerá à Justiça para regularizar a liberação de cargas de medicamentos. De acordo com a entidade, as empresas do setor não conseguem protocolar as licenças de importação para remédios.

- Se a paralisação demorar mais 15 dias, a produção de medicamentos será afetada - alertou Nelson Mussolini, vice-presidente executivo do Sindusfarma.

Ontem, a agência informou que já tomou medidas para garantir atividades essenciais durante a greve. Primeiramente, a mercadoria que chegar aos portos vai ser mantida sob responsabilidade do importador até que a fiscalização sanitária libere a carga, o que evita que ela fique parada. Outra providência foi a autorização de emissão do documento que permite a entrada e a saída de pessoas a bordo das embarcações e seu abastecimento pela sede da Anvisa em Brasília, liberando as unidades estaduais da agência.

Em face das perdas, na terça-feira, o Sindamar entrou com pedido de mandado de segurança pedindo o restabelecimento do serviço da Anvisa.

- Apenas dois dos 23 funcionários do posto da Anvisa estão trabalhando. A proporção de funcionários é muito menor que os 30% regulamentares para períodos de greve - afirmou o diretor-executivo da entidade José Roque. - Além disso, Santos está recebendo muitos navios vindos de outros portos em que a greve está mais intensa.

No Espírito Santo, o Sindicato do Comércio Exterior e Importação do estado (Sindiex) também vai entrar com mandado de segurança para normalizar a vistoria em cargas importadas pelo Porto de Vitória. Treze navios esperam o aval da Anvisa. Em dias normais, a fila não passa de duas embarcações.

Há atrasos na liberação

de cargas e na atracação

O Sindiex informou que todos os postos da Anvisa no Espírito Santo estão fechados por causa da greve. A agência possui 30 funcionários, mas apenas quatro estão trabalhando.

- Com a falta de liberação da Anvisa, teremos um atraso de pelo menos 30 dias na entrega das mercadorias - afirmou o presidente do Sindiex, Severiano Imperial.

Além de prejudicar o movimento no porto de Vitória, a greve também compromete a liberação de cargas para seu destino.

* Especial para O Globo