Título: Juro ao consumidor recua em junho
Autor: Bonfanti, Cristiane; Valente, Gabriela
Fonte: O Globo, 27/07/2012, Economia, p. 24

BRASÍLIA. A pressão da presidente Dilma Rousseff para que os juros bancários caiam no Brasil surtiu efeito. A média das taxas cobradas das pessoas físicas caiu 2,3 ponto percentual e ficou em 36,5% ao ano em junho: o menor patamar da série histórica do Banco Central (BC), que começou a registrar os dados em 1994. No entanto, os números do BC mostram que a estratégia do Planalto perdeu força: os juros já voltaram a subir este mês, apesar dos seguidos cortes da Selic (taxa básica de juros), que deixam o dinheiro mais barato para os bancos, e da queda da inadimplência - que reduz o risco das instituições. Nos primeiros dias de julho, os juros cobrados das famílias aumentaram, em média, 1,3 ponto percentual e estão em 37,8% ao ano.

Para os especialistas, é cedo para decretar uma reversão de tendência, principalmente porque a inadimplência começa a ceder. O BC ainda registra queda no número de atrasos antes de 90 dias, o que é visto como um sinal de que o nível de calote chegou ao topo e tende a cair.

- Estamos no início de um processo de queda dos juros e, a partir da queda da inadimplência, os bancos serão estimulados a emprestar mais - previu o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luiz Octávio Leal.

Leal considera que, mesmo com a alta de juros em julho, não é possível falar que as instituições não estão seguindo o plano traçado pela presidente Dilma. Tanto que, só nos últimos três meses, os juros para as pessoas físicas caíram 7,9 pontos percentuais. A maior parte dessa diferença, 6,6 pontos percentuais, é queda do spread bancário.

Os bancos públicos lideraram o aumento de empréstimos no país. Só no mês passado, o volume de financiamentos aumentou 2,6% entre as instituições públicas e 0,4% nos bancos privados.

A inadimplência das famílias voltou a cair. Passou de 7,9% para 7,8%. O nível de calote em financiamentos de veículos diminuiu, de 6,1% para 6%. Foi o primeiro recuo desde dezembro de 2010. (Gabriela Valente)