Título: Para se recuperar, dono da Dusseldorf mirou o exterior
Autor: Leali, Francisco
Fonte: O Globo, 30/07/2012, O País, p. 4

Duda recebeu prêmio em Portugal e também trabalha na Polônia

SÃO PAULO . Havia poucos meses que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumira o poder, em 2003, quando a sócia e principal auxiliar de Duda Mendonça, Zilmar Fernandes, confidenciou numa roda de publicitários durante um coquetel em Brasília.

- Nossa meta é alcançar R$ 1 bilhão de faturamento até o fim do ano - disse o braço-direito do publicitário, cuja influência no início do governo o fazia ser chamado de "ministro da propaganda".

Duda colhia os louros de quem levara Lula à Presidência ao custo de R$ 25 milhões, incluídas três campanhas estaduais do PT. A estimativa de Zilmar evidenciava o deslumbramento da equipe de Duda com a chegada dos petistas ao poder, embora longe da realidade.

Nos dois anos seguintes, sua agência abocanharia R$ 120 milhões em contratos. Quando Marcos Valério disse à CPI dos Correios que Duda recebeu R$ 11,4 milhões por meio do esquema financeiro montado por ele, o poder de fogo do publicitário diminuiu, mas não a ponto de tirá-lo do mapa: até o fim do governo sua agência faturaria mais R$ 105 milhões, além dos contratos com estatais.

O marqueteiro da campanha do "Lulinha Paz e Amor" deixou de ser o mais cobiçado da política brasileira, mas trabalho não lhe falta. Desde então, manteve a Duda Propaganda, com sede em São Paulo, e concentrou esforços em Portugal, onde abriu escritório e foi eleito "Personalidade de 2010" pela principal revista de publicidade local. Hoje, atende até uma rede de supermercados da Polônia.

Em 2010, DUDA VOLTOU AO MARKETING POLÍTICO

Em 2010, restabeleceu-se no marketing político: ajudou a eleger governadores em Tocantins (Siqueira Campos), no Maranhão (Roseana Sarney) e na Paraíba (Ricardo Coutinho). Mas ganhou desafetos em lugares como Minas Gerais, onde a sua orelha ainda arde devido às desastradas campanhas de Hélio Costa (PMDB) ao governo e de Fernando Pimentel (PT) ao Senado.

- Estou muito feliz e vivo, o que é mais importante - escreveu no Twitter.

A insatisfação em Minas não se repetiu em São Paulo, onde ele comandou a derrotada campanha de Paulo Skaf (PSB) ao governo. Skaf já o havia contratado como consultor, via Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em 2009. E deu de presente a Duda a conta da Fiesp após as eleições. Hoje, sua agência dirige clipes institucionais, nos quais Skaf é a principal estrela.

Este ano, Duda se comprometeu com duas campanhas a prefeito: as de Elmano Freitas (PT), em Fortaleza, e Anivaldo Vale (PR), em Belém. E trabalhou gratuitamente para o candidato a vereador em São Luís, Fábio Câmara (PMDB), assessor de Roseana, como conta o próprio Câmara:

- Ficamos amigos na campanha da Roseana (Sarney) e ele quis me presentear, é uma doação. Sinto como se tivesse o Neymar jogando no meu time - diz.

Desde a eleição de Roseana, a Duda Propaganda já recebeu R$ 9 milhões do governo do Maranhão. As apostas de Duda estão no Nordeste.