Título: Defesa pede vista de novas provas contra Rural
Autor: Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 31/07/2012, O País, p. 4

Memorial foi remetido ontem ao STF por Roberto Gurgel

BRASÍLIA e SÃO PAULO. Os advogados da diretoria do Banco Rural pediram vista ontem do memorial enviado semana passada ao Supremo Tribunal Federal pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel. O documento exibe provas contra os réus do mensalão. A intenção, segundo a defesa, é analisar o memorial para, se for o caso, contestá-lo. Os advogados se disseram surpresos com a manifestação do Ministério Público. Segundo eles, a última palavra no processo deve ser sempre da defesa - que já apresentou seus memoriais.

Assinam o pedido os advogados Márcio Thomaz Bastos, José Carlos Dias, Maurício de Oliveira Campos Jr. e Rodrigo Otávio Soares Pacheco. Eles defendem Kátia Rabello, José Roberto Salgado e Vinícius Samarane, ex-integrantes da diretoria do Rural.

Segundo Pacheco, a defesa quer saber se as provas incluídas são novas. Os advogados teriam direito a 24 horas para analisar o material. Se o conteúdo do documento for liberado hoje, diz o advogado, haverá tempo suficiente para lê-lo antes do julgamento, marcado para quinta-feira. Ele diz que a defesa não pediu adiamento.

Advogados de réus já definiram estratégias para retardar a sentença ao máximo. Uma delas é voltar a pedir o desmembramento do processo, sob a alegação de que só três dos 38 réus têm foro privilegiado. A estratégia é capitaneada pelo advogado de Marcos Valério, Marcelo Leonardo, e de Salgado, Márcio Thomaz Bastos. Segundo Leonardo, "todo cidadão tem direito ao duplo grau de jurisdição", o que garante a chance de recorrer a instâncias judiciais superiores em caso de condenação.

Os advogados argumentam que, por serem parlamentares no exercício do mandato, apenas os deputados João Paulo Cunha (PT-SP), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT) deveriam ser julgados diretamente pelo STF. (Carolina Brígido e Thiago Herdy)