Título: Anderson Adauto enfrenta o PMDB e a Polícia Federal
Autor: Roxo, Sérgio; Alves, Marcos
Fonte: O Globo, 01/08/2012, O País, p. 6

Na prefeitura de Uberaba (MG), ex-ministro réu do mensalão foi indiciado por superfaturamento

SÃO PAULO. O ex-ministro dos Transportes e prefeito de Uberaba (MG), Anderson Adauto, vai enfrentar o julgamento do mensalão indiciado pela Polícia Federal (PF) e isolado em seu partido, o PMDB. Acusado de receber R$ 1 milhão no esquema do valerioduto, Adauto acabou eleito duas vezes prefeito de Uberaba, mas seu nome continuou envolvido em escândalos. Agora, por tentar impor um candidato na sucessão municipal, sofreu intervenção da cúpula do partido, que preferiu o nome do deputado federal Paulo Piau.

A crise política não é o único problema de Adauto. No mês passado, ele foi indiciado pela Polícia Federal por supostas irregularidades no contrato de R$ 15 milhões com a Home Care Medical. O contrato, para distribuição e armazenamento de medicamentos e suprimentos médicos e odontológicos, foi assinado em 2007 e questionado pelo Ministério Público por superfaturamento.

Além de responder a uma ação civil pública por causa do contrato, o prefeito passou a ser investigado pela PF, uma vez que os recursos empenhados na compra dos remédios são federais. Segundo o delegado chefe da PF em Uberaba, Carlos Henrique Cotta D"Angelo, além da cobrança de preços abusivos de medicamentos, a licitação teve outros problemas.

- Havia vários indícios de fraude. O que chamou atenção foi a relação de parentesco entre pessoas da empresa e familiares de funcionários públicos. Uma assessora da Secretaria de Saúde é mãe de um representante da Home Care e participou da comissão de licitação- diz o delegado.

Por meio de sua assessoria, Anderson Adauto negou saber dessa relação de parentesco e contestou a perícia da PF e do Ministério Público. O prefeito afirma que uma perícia interna da prefeitura estimou que, em vez de superfaturamento, houve uma economia para os cofres públicos em torno de R$ 200 mil. O contrato, todavia, foi suspenso e Adauto acabou indiciado por crimes contra a administração pública e com base na lei de responsabilidade de prefeito.

Enquanto aguarda o julgamento do mensalão e os desdobramentos da investigação da PF, Anderson Adauto vive às turras com grande parte do PMDB. Ele contesta na Justiça Eleitoral a intervenção feita pelo diretório estadual, com apoio do nacional, na política municipal. A Justiça Eleitoral ainda não decidiu se proclama, de fato, o deputado Paulo Piau como candidato.

- Ele (Adauto) queria era aprontar uma confusão. Esse impasse é péssimo. É a judicialização da política- queixa-se Piau.